Os problemas de mobilidade urbana e a busca pela redução de emissões de poluentes causam um corrida desenfreada à procura de soluções não só na indústria automovia de larga escala, mas também dos fabricantes artesanais. Há cinco anos, o designer paulistano Caio Strumiello vem desenvolvendo o projeto de um carro 100% nacional.
Fã de Fórmula 1, o autodidata fortaleceu a ideia, observando antigos veículos europeus como o Peel 50 inglês (considerado o menor carro do mundo) e o Messerschmidt KR200 de três rodas, fabricado pela empresa de aviação alemã de mesmo nome, entre 1950 e 1960.
Caio fabricou, então, o Nanico Car, sugestivo nome do carrinho que mede 1,90 m de comprimento, 1,10 m de largura e 1,60 m de altura. Para comparação, o Smart Fortwo, menor carro em circulação no Brasil, mede 2,69 m de comprimento, 1,53 m de largura e 1,54 m de altura. Com capacidade para levar duas pessoas, o Nanico se ajeita em qualquer espaço e facilita o estacionamento nas disputadíssimas vagas de grandes cidades como São Paulo.
A apropriada denominação do modelo foi dada pela esposa de Caio, Cristina, quando viu o minicarro concluído. Equipado com motor da scooter Burgmann 125 cm³, com 12 cv de potência, ele chega a 80 km/h e percorre 30 km/l de gasolina com seu tanque de quatro litros, segundo os testes de Strumiello. Feito artesanalmente, o Nanico custa R$ 18.000 na versão a gasolina ou gás natural (GNV). Ele conta que já tem 100 unidades encomendadas e cada uma leva dois meses para ficar pronta.
Charme e conforto
O motorista tem o conforto do câmbio automático e a segurança proporcionada por itens como airbags e freios com ABS, requisitos obrigatórios de carros fabricados no país. Os pneus radiais aro 13 são resistentes. As cores amarelo-cítrico e azul chamam atenção e dão um charme ao veículo que teve pintura Gulf (carros de automobilismo), no início do desenvolvimento.
A versão elétrica também já é uma realidade, que foi viabilizada graças a parceria com o atual sócio de Caio na STR Customs, o físico Paulo Roberto Conceição. Quando Strumiello levou a belezinha às feiras especializadas, despertou o interesse de Conceição. A versão elétrica de 7,5 kW gerará autonomia de 80 km.
A STR promete fornecer kit de painéis solares, em uma espécie de ciclo virtuoso. “Eles serão instalados na garagem da casa do comprador e terão capacidade de armazenar 9 KW. Assim, captarão energia para as baterias, que deverão ser importadas da China. O carro é recarregado em seis horas por tomada convencional”, explica Caio.
O modelo elétrico é um pouco mais caro, chegando a R$ 20.000. Assim, Strumiello quer unir o útil ao agradável: “O processo de captação solar dos painéis poderá também gerar energia para a casa do proprietário”, destaca.