Ícone do siteÍcone do site Revista Carro

Será que a Duster Oroch cumpre o que promete?

A Renault Duster Oroch foi lançada em setembro do ano passado. Eu estava lá e entrevistei Fabrice Cambolive, CEO da Renault, que deixou claro a que vinha o novo produto: “A Oroch cria um novo segmento de mercado, o de SUV com caçamba”. Assista no vídeo acima!

Para checar se isso é mesmo verdadeiro ou apenas apelo de marketing, estreio esta minha coluna justamente avaliando a Renault Oroch no meu cotidiano. Será que ela tem as mesmas características e o conforto do Duster, de onde é originada? Ou seria apenas uma picape com banco traseiro para três pessoas?

Me acompanhe ao longo desta semana pelo Facebook e Instagram da CARRO, para ver mais detalhes sobre o meu dia a dia com a Oroch!

BOM CUSTO/BENEFÍCIO CONTRA MENORES
A versão avaliada é a Oroch Dynamique 1.6 16V, que custa R$ 69.700, básica. Mas ela veio com alguns opcionais e acessórios; pintura especial vermelho fogo (R$ 1.600), bancos parcialmente revestidos em couro (R$ 1.700) e pack Outsider (R$ 3.390, inclui capota marítima, alargadores de caçamba, proteção frontal, grade de proteção do vidro traseiro, faróis adicionais de proteção frontal).

Também seria possível colocar um extensor de caçamba, útil para cargas maiores. Por ele, você pagaria mais R$ 3.550. Mas a unidade não veio com esse equipamento.

Na relação custo/benefício, a Oroch é um bom negócio, porque é mais espaçosa e confortável que as picapes menores e custa quase o mesmo, já muito bem equipada, como é o caso desta versão. Veja só:

– Renault Duster Oroch Dynamique 1.6 16V: R$ 76.390 (inclui itens citados)
– Fiat Strada Adventure 1.8 16V cabine dupla: R$ 77.764
– Volkswagen Saveiro Cross 1.6 16V cabine dupla: R$ 75.540

O BOM E O NEM TÃO BOM
Rodando com a Oroch há alguns dias percebi algumas características, umas boas, outras nem tanto. Sem dúvida nenhuma, falta um câmbio automático. Nenhuma versão da Oroch tem esse recurso (o Duster tem). Outro dia, por exemplo, foi um inferno em São Paulo: protestos de todos os tipos! A cidade parou. Com essa situação, a gente acaba trocando muitas vezes de marcha, o que se torna um estresse a mais. 

Falta também o sistema auxiliar de parada em rampas. Esse é outro recurso fundamental. São Paulo, por exemplo, tem bairros altos, com subidas íngremes. Junta-se uma rua com aclive acentuado a um trânsito congestionado, do tipo anda-e-para, e vira um cansaço. Até porque o pedal de embreagem da Oroch é alto. Se a gente o solta muito rápido, a chance de o motor morrer é grande. Assim, para o carro não ir para trás, recorri muitas vezes à velha tática de puxar o freio de mão para arrancar.

Considero que todos os recursos que possam ajudar o motorista a ficar menos estressado devem ser colocados à disposição do consumidor. Mesmo que seja como equipamento opcional. Um adendo: não sei quem desenvolveu o sistema de regulagem dos espelhos retrovisores da Oroch e do Duster. Mas ele ser acionado debaixo do freio de mão é bem estranho!

E as boas notícias sobre a Oroch: em quase todas as situações a gente esquece que está numa picape. O conforto, o espaço, os recursos da central multimídia, dão mesmo a sensação de estar dirigindo um Duster.


A Oroch não pula ou causa desconforto, como é comum em picapes, especialmente quando a caçamba está sem carga e sem peso. Sua suspensão está na medida certa, rígida, mas confortável, transmitindo segurança e estabilidade. Indico para quem gosta de carros altos, que escapam com mais facilidade das armadilhas das nossas ruas: buracos, obstáculos, asfalto com “costela de vaca”.

COM A OROCH NAS ESTRADAS
Eu a Oroch passamos por várias estradas: por duas vezes a Rodovia dos Bandeirantes, outras duas vezes a Imigrantes e a Rio-Santos, rumo ao litoral norte paulista. As duas primeiras são rodovias de país dresenvolvido: dá orgulho rodar por suas pistas amplas e bem pavimentadas. Foram quase 1.000 km em estradas.

Aproveitei para fazer algumas experiências com os modos de direção, que são dois: Normal ou Eco. Muito simples mudar o sistema: basta apertar um botão no painel. No modo Eco, a Oroch fica econômica, mas também bem lenta, exigindo certa paciência nas retomadas de velocidade ou acelerações. Abasteci com gasolina comum e a Oroch teve consumo de 13 km/l.

Na rodovia Rio-Santos, muito linda com suas paisagens de Serra do Mar e Mata Atlântica, optei pelo modo de direção Normal, porque a estrada tem muitas curvas, subidas e descidas, além ser mão dupla: a mesma pista para ir e voltar. As ultrapassagens são contínuas, pois o trânsito é bem pesado. Foi nessa situação que senti ainda mais a necessidade de performance, mesmo nesse modo. Mas o consumo continuou bom: média de 11 km/litro de gasolina.

Resumo da Oroch na estrada: no quesito consumo, aprovada. No quesito performance, mais ou menos. A gente aprende a entender esse motor 1.6 16V e a saber utilizar melhor as trocas de marcha, para ajudar nas acelerações e retomadas. Percebi que a quarta marcha é bastante longa, o que é bom para a cidade. E que a quinta marcha se sai bem em estradas com poucas subidas.

CONECTADA COM O MUNDO
Falei sobre os recursos facilitadores da vida do motorista. Entre eles, incluo o sistema multimídia em automóveis, o que, no caso da Oroch, é muito funcional e útil.

Costumo ir resolvendo as questões do trabalho e pessoais enquanto dirijo. Ponho no viva-voz, peço o número para a Siri e vou falando ao telefone. O microfone do viva-voz da Oroch fica localizado no teto, em frente à luz que indica portas abertas: esse sistema é mais moderno, dando uma transmissão boa na maioria das vezes.

Utilizar o WhatsApp foi mais complicado: era necessário desbloquear o celular e apertar o play manualmente para escutar a mensagem. Talvez a Oroch pudesse aperfeiçoar isso no seu sistema multimídia. Mas o restante é simples de usar. Coloquei meu celular no Bluetooth e ele já era imediatamente reconhecido quando eu entrava no carro. Conectei o Spotify e fui escutando minhas músicas preferidas. 

O sistema de navegação da Oroch também é muito fácil de usar, mas acabo optando pelo Waze, pois já não vivo sem ele no meu dia a dia. Quebrei um pouco a cabeça para descobrir onde estava o piloto automático e o limitador de velocidade. Depois, com a ajuda do meu fiel editor de testes, Leonardo Barboza, fiquei sabendo que esses recursos são acionados no painel central, onde também se configura a velocidade desejada.

O sistema multimídia da Oroch orienta sobre o consumo, as condições do carro, o histórico do que você andou fazendo. Na Imigrantes, passei por um sufoco, mas a culpa foi minha. Não reparei que já tinha rodado muito com a Oroch no litoral. Fomos a praias lindas, fizemos o caminho para as cachoeiras e até no rio de Boissucanga eu entrei com a picape.

Pois bem: ela estava já na reserva, na Imigrantes, e não havia nenhum posto por perto. Coloquei na posição Eco, fui para a pista ao lado do acostamento, pisando com todo o cuidado no acelerador, e acabei chegando a um posto em Diadema (SP). Não é seguro parar no acostamento das rodovias paulistas. Na Anchieta e na Imigrantes, parar no acostamento por falta de combustível é um prato cheio para os bandidos!

AFINAL, É SUV OU PICAPE?
Utilizei várias vezes a caçamba da Oroch. Tenho sempre malas, bolsa de ginástica, produtos de limpeza para a casa da praia, materiais de jardinagem. Sou a típica consumidora de SUVs, justamente porque são espaçosos e me dão a sensação de segurança, pois me sinto mais alta na direção: vejo o mundo de cima!

Com a Oroch eu vi o mundo de cima e também carreguei várias coisas na caçamba. Acabo viajando bastante sozinha ou com meu filho, Thomas, além do nosso bravo companheiro Charlie, um lindo golden retriever. Também sempre me acompanha a gatinha Amy, uma amante da natureza exuberante do litoral norte paulista.

Com cinto de segurança apropriado, Charlie viajou com todo o conforto na Oroch, dividindo o espaço do banco traseiro com a gatinha, que viajava em sua casinha, presa pelo cinto de segurança. Naturalmente que o banco foi bem forrado, para não sujar ou danificar a forração, que inclui partes em couro.

Depois, já na cidade, decidi rodar com capacidade completa, para cinco pessoas. No banco do passageiro da frente há mesmo muito espaço e conforto. Mas o pessoal do banco traseiro também achou quase tudo confortável, tirando o fato de o encosto ser muito reto. A caçamba “empurra” o encosto mais para a frente que o normal.

RESUMO DA HISTÓRIA
Fabrice Cambolive, CEO da Renault, estava certo quando disse que a Oroch é um SUV com caçamba. Realmente foi isso o que eu senti, a maior parte do tempo. Se você tem uma família como a minha, com filho, cachorro, gato (só não tenho papagaio), indico a Oroch. Nesses dias frios de outono, a caçamba foi muito útil para carregar a lenha da lareira!

Colaboração: Rodrigo Ribeiro e Leonardo Barboza, da Redação

Sair da versão mobile