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Os “brinquedões”

Audi A1 vs. Mini Cooper

Ao examinar o catálogo de especificações de Audi A1 e MINI Cooper, você logo fica desanimado. Várias páginas se referem às cores da moldura do espelho, do teto ou demais itens de acabamento. Para se ter ideia, é possível optar por faixas decorativas (o Audi oferece até uma combinação de branco fosco com branco brilhante), acabamento interno em Hazy Grey (MINI) ou com um tecido com o belo nome “palpitação” (A1), além de um anel de LED ao redor do “Centre-Instrument” (MINI), que alterna a tonalidade de acordo com a música selecionada.

A regra é clara: um carro pequeno para se destacar tem de ser diferente. E desde que a Audi decidiu lançar o A1 como um concorrente sério do MINI, em 2010, os dois se tornaram grandes rivais em termos de condução divertida, personalização e ludicidade. Mas agora o MINI cresceu, compensando assim uma parte de suas deficiências em relação ao Audi, ao mesmo tempo em que questiona por quanto tempo esse conceito de “compacto premium” conseguirá perdurar.

Apenas 3 cilindros? Sim, eles bastam

Bem, o MINI cresceu quase dez centímetros, mas em relação ao A1 ele ainda mantém 13 centímetros de distância respeitosa. E mais do que o tamanho do carro, onde os pneus de série 175 com rodas de liga leve aro 15” parecem tão finos quanto as pernas do Pinóquio, o novo desenho das lanternas provavelmente vai incomodar os fãs.

Mas não importa, vamos entrar nos guerreiros de diversão, que, desta vez, não têm motores tão grandes sob o capô: o 1.4 do Audi gera 140 cv e está acoplado ao câmbio robotizado S tronic de 7 marchas (com custo adicional de 1.600 euros). O melhor é que, graças ao sistema eletrônico de desativação de cilindros, esse propulsor consegue a façanha de ser mais econômico que o novo tricilíndrico turbo com 136 cv do MINI.

E se você imaginou que, por ter um cilindro a menos e oferecer potência ligeiramente inferior, o motor 1.5 do MINI pode decepcionar, está muito enganado. Esperto, ele parte de baixas rotações rapidamente e gira quase tão despreocupado quanto o 4 cilindros do Audi, mas é acima dos 5.000 rpm que ele começa a rugir. O ronco, aliás, é semelhante ao rufar de tambores e reverbera como quem repousa depois de uma noite regada com muitos litros de cerveja e cigarro.

Desempenho não falta, mas nenhum consegue ultrapassar o outro, embora o clima de desafio esteja no ar. Assim, por conta do entusiasmo, da posição animadora oferecida pelos excelentes bancos esportivos (no Cooper, por um custo adicional de 960 euros) e, especialmente, pela agilidade contagiosa que ambos possuem, decidimos levar a dupla para um animado passeio pelas estradas próximas.

Oh, uma curva. Que bom!

Apesar da distribuição de peso nos dois modelos ser similar, já que ambos têm motor dianteiro, apenas rápidos toques no volante bastam para manter o controle nas curvas. Imediatamente, os “narizes” viram para a direção desejada e são acompanhados de maneira determinada pelo restante dos veículos.

O MINI foi “abençoado” novamente com uma direção mais suave e eficiente, e ainda consegue rodar com mais facilidade que o seu antecessor. E como o ESP trabalha de forma bastante permissiva, o carrinho chega até a dar a impressão de que vai “perder” a traseira nas manobras mais animadas, exigindo habilidade por parte do condutor.

Já o A1 pode ser dirigido rapidamente por motoristas com menos habilidade, e por isso, transmite a impressão de ser menos “impetuoso” do que o MINI, que, na prova de frenagem perdeu por alguns metros e pontos.

Em contrapartida, o Cooper proporciona um nível de conforto até então desconhecido. Sobre pisos com defeitos transversais (como emendas de pontes e de viadutos) ele se mostra um pouco mais duro — assim como o A1 —, mas em velocidades mais altas, ele fornece informações menos detalhadas sobre o estado da pista do que o Audi. Este dá solavancos e balança mais até em rodovias aparentemente planas.

O MINI oferece bom conforto, e o espaço interno, agora, foi ampliado. O acesso para o banco de trás é mais complicado do que no Audi, mas com um pouco mais de altura para a cabeça disponível, o MINI faz a diferença.

Novas opções: agradecimento à BMW
Mas, convenhamos, quem adquire um MINI ou um A1 se acomoda na dianteira. E aqui, o brincalhão de origem britânica não perdeu uma de suas características: não espere perfeição nos detalhes (seja no acabamento, seja na funcionalidade).

Isso pode ser constatado pela forma desconfortável como é feito o ajuste dos bancos ou pelo conta-giros em formato de meia lua. Em compensação, o novo sistema de controle iDrive com seletor giratório e de pressão, com todas as possibilidades que a “mãe” BMW oferece, colocam o novo MINI em uma posição bem à frente.

O controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, atualmente disponível ou um head-up display também estão entre as inovações bem-vindas. Tudo bem que, certamente, nem todos precisarão dele, mas é um diferencial interessante em relação ao A1, que, devido ao seu acabamento primoroso e padrão um pouco menos esportivo, mas requintado, custa alguns euros a mais.

Resumindo, o estilo mais sóbrio do Audi garantiu uma pequena vantagem e a vitória. E, cá entre nós, o tal tecido “palpitação” parece mais adequado ao MINI.

Conclusão:

1º Audi A1 1.4 TFSI: 378 pontos

Lançado em 2010, o Audi A1 surgiu como o primeiro concorrente “de fato” do MINI, que, até então, reinava tranquilo entre os chamados compactos premium. Trazendo para o segmento o conhecido estilo dos modelos de Ingolstadt (no qual se destaca a grade dianteira), assim como o elevado nível de acabamento — que é padrão nos veículos da Audi —, o A1 logo ganhou destaque. Além disso, oferece uma grande possibilidade de personalização, item que se destaca principalmente junto ao público jovem. Mas, mesmo com esse recurso, o compacto da marca dos anéis tem no excelente nível de construção o seu ponto alto. Dentro do A1, o motorista não tem dúvida de que está a bordo de um legítimo automóvel premium. Todas as peças são bem encaixadas, o material empregado é de primeira e, em movimento, não se ouvem rangidos ou ruídos desagradáveis. Além disso, o compacto conta com um moderno motor 1.4 de 4 cilindros que, graças a um sistema eletrônico de assistência ao motorista, permite desligar parcialmente parte dos cilindros, proporcionando excelente nível de consumo. É difícil para qualquer rival superar um concorrente tão gabaritado.

2º Mini Cooper: 373 pontos

O modelo de origem britânica cresceu, ganhou mais requinte e itens de conforto 
e continua imbatível quando o assunto é chamar a atenção (o que, convenhamos, é o desejo de boa parte de seus consumidores). Mas o MINI ainda deixa a desejar em termos de acabamento e de praticidade. Além disso, o motor 1.5 tricilíndrico poderia ter um desempenho ligeiramente superior e consumo menor. Mesmo assim, o resultado agrada. Mas ainda não tanto quanto o concorrente alemão.

Ficha técnica:

Audi A1 1.4 TFSI

Motor disposição/número de válvulas: Diant., 4 cil., 16 V
Cilindrada (cm³): 1 395
Potência (cv): 140 a 5 000 rpm
Torque (mkgf): 25,5 a 1 500 rpm
Câmbio: Robotizado, 7 marchas
Suspensão (dianteira/traseira): McPherson/Eixo de torção
Peso vazio/cap. máx. de carga (kg): 1 190/ 380
Dimensões em mm (comp./larg./altura): 3 954/1 740/1 416
Entre-eixos (mm): 2 469
Diâmetro de giro (m) (esq./dir.): 10,6/10,7
Porta-malas (litros): 270
Peso rebocável (kg) (sem freio): 590
Tanque de combustível (litros): 45
Pneus (veículo testado): Goodyear Efficient Grip 215/40 R17 W

 

Mini Cooper

Motor disposição/número de válvulas: Diant., 3 cil., 12V
Cilindrada (cm³): 1 499
Potência (cv): 136 a 4 500 rpm
Torque (mkgf): 22,4 a 1 250 rpm
Câmbio: Manual, 6 marchas
Suspensão (dianteira/traseira): McPherson/multibraço
Peso vazio/cap. máx. de carga (kg): 1 189/ 376
Dimensões em mm (comp./larg./altura): 3 821/1 727/1 414
Entre-eixos (mm): 2 495
Diâmetro de giro (m) (esq./dir.): 10,9/11,0
Porta-malas (litros): 211
Peso rebocável (kg) (sem freio): n/d
Tanque de combustível (litros): 40
Pneus (veículo testado): Hankook Ventus Prime 2 195/55 R16 W

 

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