Concorrentes:
Renault Sandero: o hatch segue as mudanças inauguradas pelo irmão Logan. Além da nova plataforma e melhorias no conjunto mecânico, a Renault aproveitou para melhorar o visual.
Toyota Etios: o acabamento simples do modelo mais acessível da Toyota é um ponto fraco, mas seu motor 1.5 é econômico e oferece bom desempenho. É tabelado em R$ 45.090 na versão XLS.
Poucos modelos nasceram com um objetivo tão em comum como Renault Sandero e Toyota Etios. Ambos foram criados para atender o público de países emergentes e seguem diretrizes claras: oferecer bom espaço interno, não gastar muito combustível, ser barato de manter e, o que é primordial, não exagerar no preço. Quer uma prova objetiva do quão parececidos eles são? Dê uma olhada nas notas finais de análise técnica.
Levando em conta as 102.514 unidades que a Renault comercializou do Sandero em 2013, fica claro que esse é um segmento importante. Com a matriz trabalhando há alguns no projeto, a Toyota resolveu testar como sua reputação de qualidade funcionaria entre os hatches compactos e decidiu lançar o Etios por aqui em 2012.
E quem o dirige não tem dúvida de que está em um carro da japonesa. O câmbio suave e fácil de operar, a direção precisa e o conjunto de suspensão bem calibrado, fazem dele um automóvel agradável para quem está ao volante. Só que na mesma medida em que o Etios vai mostrando suas qualidades os defeitos aparecem. A trava elétrica, por exemplo, não é acionada com o carro em movimento. O interior, apesar de bom para cinco passageiros, é espartano até mesmo na versão topo de linha XLS avaliada. Tudo bem que a Toyota tentou fazer alguns aprimoramentos pontuais na linha 2014, como o uso de plásticos “black piano” no painel, mas ele ainda está longe de agradar.
O Renault também nunca foi uma referência em acabamento, mas se você coloca a nova geração ao lado da primeira vai ver que a fabricante teve a humildade de reconhecer que precisava melhorar muita coisa no modelo.
Segundo a marca, cerca de 80% dos componentes do Sandero que você confere nas fotos são novos, o que inclui elementos da estrutura, carroceria, suspensão, direção e freios. Um pouco mais “nobre” que o anterior, o sistema elétrico, por exemplo, passa a ser do tipo multiplexado para lidar com o maior número de equipamentos de conforto e assistência disponíveis para o Renault.
Um dos destaques é a central multimídia Media NAV 1.2, escolha de 75% dos compradores do novo Logan, e que faz parte de um pacote que acrescenta sensor de estacionamento e ar-condicionado automático digital. Até o fechamento desta edição, a Renault não havia divulgado os preços do Sandero e seus opcionais, mas a julgar pelo valor do Techno Pack Plus praticado para o sedã (R$ 1.400), não há razão para que ele fique mais caro (ou mais barato) no hatch.
Além de permitir a realização de chamadas telefônicas com o celular pareado via Bluetooth, o Media Nav 1.2 tem uma interessante função chamada Eco-Coaching, que orienta o motorista a dirigir da forma mais econômica. Já o Eco-Scoring avalia o comportamento do condutor de forma bem lúdica, com o uso de estrelas atribuídas de acordo com as trocas de marchas, regularidade da velocidade, dentre outros itens. Por fim, o Media Nav 1.2 também traz um conveniente navegador GPS, recurso muito útil na cidade.
Central multimídia? Ar-condicionado digital? Sensor de estacionamento? Estão aí três coisas que o Etios nunca ouviu falar. É inegável que, recém-renovado, o Sandero entrega um pacote de equipamentos bem melhor que o rival. Destaque também para o cruise control, de série no Sandero Dynamique e um diferencial importante. No Etios? Sequer espere encontrá-lo como opcional.
Ainda por dentro dos hatches
O Etios pode ficar devendo em equipamentos, mas é inegável que no aproveitamento de espaço interno ele se destaca. Bem menor que o Sandero (3,77 m de comprimento contra 4,06 m do Renault), ele praticamente empatou com o rival na soma das medidas internas. Logo, a bordo de um ou de outro, você terá pouco do que reclamar nesse quesito. O problema é que a conta, no caso do Etios, é cobrada no porta-malas menor, com 270 litros frente aos 320 litros do Sandero.
Para quem tem família grande e precisa de um carro versátil sem gastar muito, Sandero e Etios são duas boas opções. Vale a pena destacar os bancos do Renault, que, na versão Dynamique avaliada, contam com a tecnologia CCT (Cover Carving Technology). Além das espumas com espessura variando entre 5 e 20 mm, o tecido com usado no revestimento confere um aspecto de modernidade à cabine. Apesar de confortáveis, a única crítica ao conjunto é que os bancos dianteiros poderiam oferecer melhor apoio. Até aqui já ficou claro que o Renault Sandero entrega mais em termos de equipamentos e acabamento, deixando clara uma grande evolução em relação à sua geração anterior.
Só que mais leve e com um eficiente motor 1.5 16V, o Etios se destaca quando mudamos o foco para o desempenho. Ele foi melhor que o Sandero em todas as provas de aceleração, mas se destacou mesmo nas retomadas. Para retomar velocidade de 60 km/h a 120 km/h com a 4ª marcha engatada, o Toyota precisou de 12s7, número bem inferior aos 17s5 do Renault. Ambos, contudo, empataram nas médias de consumo rodoviário, porém a parcial em uso urbano do Etios foi bem melhor: 8,3 contra 6,8 km/l do Sandero.
Indo além da objetividade dos números, quem sai do Sandero e passa a conduzir o Etios sente que o Toyota é um carro mais desenvolto. Seu conjunto motor e câmbio trabalham em ótima sintonia, e os engates são feitos de uma forma mais suave, sem tanto “peso”, como o notado no Sandero. Não que o Renault seja um carro lento, mas se na sua lista de prioridades o desempenho aparece logo no começo, então, o Etios é o mais recomendado para você.
Ambos contam com soluções mecânicas parecidas, como as suspensões dianteira (McPherson) e traseira (eixo de torção), e apresentam comportamento dinâmico semelhante. Estáveis e com rodar neutro, eles também são competentes na hora de lidar com os buracos, valetas e lombadas de nossas vias nem sempre em bom estado.
Longe do que sugere seu volante com base achatada, o Etios não tem nenhuma pretensão esportiva, porém transparece uma sensação de maior robustez em relação ao Sandero.
Um ponto negativo que surge quando você passa mais tempo com o Toyota é a visualização dos instrumentos. Leva algum tempo para você se acostumar com a posição central do conjunto, mas nada que a convivência não resolva. O maior problema é o marcador do nível de combustível. Compartilhando uma “janela” com o hodômetro, é difícil enxergar a marcação. Checar a distância percorrida, então? Melhor parar o carro antes…
Mesmo com a nova mescla de plásticos no console central, que de certa forma ajudou a melhorar a parte interna do Etios, quem olha para a trava de abertura do porta-luvas totalmente desalinhada ainda fica com a sensação de que a Toyota precisa promover uma reforma mais profunda em seu modelo de entrada. Ao menos o Etios foi muito bem em nossa avaliação de mercado.
Etios: mercado é com ele
Oferecer bom custo-benefício é um atributo fundamental para modelos como Sandero e Etios. Se nossa estimativa se confirmar, o Renault promete chegar às lojas com um preço interessante, ainda mais quando equipado com a central multimídia e sensor de estacionamento.
Porém, o Etios conquistou vários pontos de vantagem sobre o Sandero quando analisamos os custos de manutenção. O Toyota foi superior em consumo, preço da cesta de peças (filtros de ar, óleo e combustível, jogo de velas e pastilhas dianteiras) e pintura (a fabricante não cobra valor extra pela tonalidade metálica).
Uma diferença notória ocorreu na soma das revisões até 30.000 km. Utilizamos aqui os valores praticados até então pela rede Renault para o Sandero, que totalizam R$ 1.221, uma bela diferença para os R$ 738 que o dono de um Etios precisa desembolsar.
A garantia de ambos é de três anos e outro ponto em comum, dessa vez bem negativo, ficou com a desvalorização. Tanto o Sandero quanto o Etios perdem mais de 13% do valor no primeiro ano, o que lhes custou uma nada agradável nota zero nesse item.
Na cotação do seguro para Sandero e Etios segundo o nosso perfil padrão (homem, 40 anos, casado) não gerou uma discrepância de valores, porém o Sandero obteve uma pequena vantagem de R$ 177.
Por pouco, amparado em especial pelas notas de equipamentos e de itens de série, o Sandero superou o Etios em nossa análise técnica. Mesmo oferecendo melhor desempenho, o Toyota ficou atrás do Renault por apenas meio ponto. Já o Etios respondeu com uma vitória mais folgada de 4,5 pontos a mais que o Sandero na análise mercadológica.
Apesar de o Etios contar com projeto recente, o Sandero nos parece um carro mais maduro. Agora na segunda geração, o Renault melhorou em muitos pontos, onde a Toyota precisa trabalhar no Etios, a começar pelo acabamento. Logo, se você busca um hatch espaçoso e bom para o bolso, parta para o Sandero Dynamique.
Conclusão: técnica
1º Renault Sandero Dynamique: 170 pontos
A diferença entre Sandero e Etios em suas versões mais caras, como você pode conferir na soma dos pontos, foi ínfima. O Etios quase levou a disputa em nossa análise técnica ao oferecer desempenho superior graças à combinação de baixo peso e seu eficiente 1.5 16V. Porém, o Sandero foi ajudado pela maior presença de itens de série, em especial o cruise control, assim como a oferta de opcionais relevantes, como a central multimídia, sensor de estacionamento e ar-condicionado digital. Além disso, seu interior é mais amigável para os ocupantes ao dispensar um cuidado maior com o acabamento na nova geração.
2º Toyota Etios XLS: 169,5
Se a análise ficasse restrita aos números de pista, o Etios seria a melhor opção, mas quando analisamos o conjunto, o Toyota fica devendo em relação ao Sandero, que, vale destacar, melhorou muito. Apesar do bom espaço interno e o conjunto mecânico elogiável, falta ao Etios um habitáculo mais agradável e disponibilizar mais do que o elementar em equipamentos. Se a Toyota resolver essas questões para a próxima geração do modelo, terá um produto bem mais competitivo para enfrentar os rivais.
Conclusão: mercado
1º Toyota Etios: 64 pontos
A Toyota caprichou em sua política de pós-vendas para o Etios. Além do prazo de três anos de garantia, seus custos de peças e revisões são inferiores não só aos dos apurados para o Sandero, como são um dos melhores do segmento. Só o preço do seguro foi um pouco elevado.
2º Renault Sandero: 59,5 pontos
A desvalorização projetada para o Sandero e o Etios mostrou-se preocupante, o que custou pontos importantes a ambos. A Renault perdeu ainda mais ao cobrar a pintura metálica (não tem custo no Etios) e cobrar caro pelas revisões até 30.000 km.
Veredito: o Renault Sandero Dynamique vence pelo conjunto
Frutos de projetos semelhantes na proposta, é interessante notar, quando distribuímos as notas, como essa proximidade de Etios e Sandero se traduz em critérios objetivos. A maior prova está na pequena margem de pontos que separa o campeão e o vice em nossa análise técnica. Talvez por atuar no segmento há mais tempo, não é exagero dizer que a Renault acabou adquirindo um conhecimento maior sobre o que o consumidor da categoria espera encontrar em um automóvel. Sendo assim, o Sandero entrega um conjunto mais atrativo em relação ao Etios e por isso ele é a nossa escolha. Um conselho é optar pelo kit opcional com a central multímídia. O custo não é abusivo, e você leva equipamentos interessantes para o dia a dia.
Outras opiniões
Por Wilson Toume I Editor-chefe
O segmento dos hatches pequenos é o mais disputado atualmente no mercado nacional, e o Renault Sandero exibe bons atributos para se sobressair. Mas, na comparação com o Etios, fico com a melhor dirigibilidade e ergonomia do modelo da Toyota.
Por Leonardo Barboza I Editor de testes
O Etios é mais robusto e tem melhor desempenho. Mas ele fica devendo muito em equipamentos. O Sandero, embora fique atrás na hora de acelerar, não deixa a desejar nesse item, e sua lista de itens de série é maior. Meu voto vai para ele.
Ficha técnica Renault Sandero Dynamique
Motor dianteiro, transversal, flex, 8V; Cilindrada 1.598 cm³; Potência 106 cv (etanol) a 5.250 rpm; Torque 15,5 kgfm (etanol) a 2.850 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Peso 1.055 kg; Comprimento 4,06 m; Largura 1,73 m; Altura 1,53 m; Entre-eixos 2,59 m; Porta-malas 320 litros; Tanque de combustível 50 litros; Pneus (veículo testado) 185/65 R15
Nossas medições
Aceleração 0 a 100 km/h: 12s2
Retomada 60 a 120 km/h em 4a marcha: 14s5
Frenagem 80 a 0 km/h (metros): 24,6
Consumo cidade (gasolina): 6,8 km/l
Consumo estrada (gasolina): 11,8 km/l
Ruído a 120 km/h em 5a marcha: 68,9 dB
Seu bolso
Preço (carro testado): R$ 43.820
Garantia: 3 anos
IPVA (4%): R$ 1.752
Versão básica: R$ 42.390
Ficha técnica Toyota Etios XLS
Motor dianteiro, transversal, flex, 16V; Cilindrada 1.496 cm³; Potência 96 cv (etanol) a 5.600 rpm; Torque 13,9 kgfm (etanol) a 3.100 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Peso 945 kg; Comprimento 3,77 m; Largura 1,69 m; Altura 1,51 m; Entre-eixos 2,46 m; Porta-malas 270 litros; Tanque de combustível 45 litros; Pneus (veículo testado) 185/60 R15
Nossas medições
Aceleração 0 a 100 km/h: 11s5
Retomada 60 a 120 km/h em 4a marcha: 12s7
Frenagem 80 a 0 km/h (metros): 25,1
Consumo cidade (gasolina): 8,3 km/l
Consumo estrada (gasolina): 11,8 km/l
Ruído a 120 km/h em 5a marcha: 70,7 dB
Seu bolso
Preço (carro testado): R$ 45.090
Garantia: 3 anos
Financiamento (a.m.): 0,99%
Parcela (50% de entrada + saldo em 36x): R$ 758
IPVA (4%): R$ 1.803
Seguro: R$ 2.398