A Mercedes-Benz começa a vender no Brasil o modelo que pode ser considerado o atual carro-chefe da sua gama: o novo Classe E, que a Motorpress já experimentou há alguns meses durante a apresentação mundial, na Europa. Os preços foram divulgados nesta terça-feira (18), e são três:
Classe E 250 Avantgarde – R$ 309.900
Classe E 250 Exclusive – R$ 319.900
Classe E 250 Exclusive Launch Edition (60 unidades) – R$ 325.900
Todas as versões trazem de série o “conceito” Intelligent Drive, um pacotão de tecnologia de condução e segurança que, segundo a própria Mercedes, é superior ao conteúdo do atual Classe S, este apresentado em 2013 como flagship da montadora. Mas o reinado do Classe E como o “carro mais moderno do mundo”, como a Mercedes o chama, durará apenas até o ano que vem, quando a reestilização do Classe S deve recolocá-lo no topo.
O Classe E conta com câmeras, sensores e radares de longo alcance (um deles “vê” 500 metros à frente) que, operando em conjunto, permitem frenagem autônoma parcial ou total após detecção de obstáculos, tráfego cruzado e pedestres; controle de cruzeiro adaptativo (Drive Pilot) que segue o fluxo do trânsito em velocidades até 210 km/h; assistente de manutenção de faixa; estacionamento semiautônomo (é preciso apenas engatar Drive ou ré); faróis com 84 LEDs acionados individualmente.
Em termos estéticos, o novo Classe E (que não demonstra os 4,92 metros de comprimento e os 2,94 m de entre-eixos) ficou muito parecido com os dois outros sedãs tradicionais da Mercedes, os Classe C (abaixo) e S (acima). Não foi sempre assim: apenas duas gerações atrás o Classe C parecia um Chevrolet Astra, o E tinha dois pares de faróis redondos e o S era uma barca desproporcional. Hoje, os três carros têm praticamente os mesmos conjuntos ópticos na dianteira e na traseira, além de formas mais contidas — e parecidas entre si. Ficaram bonitos, e de quebra diferenciam-se bastante da gama compacta formada pelas Classe A (que inclui CLA e GLA) e B.
Vale notar que a versão Avantgarde possui grade frontal com o emblema da estrela em tamanho grande incrustado em duas barras horizontais, enquanto a Exclusive o reposiciona no alto do capô e adota uma grade mais fechada, particamente igual à do Classe S. Em relação à Exclusive, a Launch Edition muda apenas as rodas, de 18 para 19 polegadas (e lá se vão mais R$ 6.000).
A Mercedes não divulgou a expectativa de vendas da nova Classe E no Brasil. Em 2015 foram 327 emplacamentos; e este ano, até o final de setembro, 166. Seu principal rival, o Audi A4, vendeu 272 carros no mesmo período deste ano (os dados são da Fenabrave/Renavam).
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
CARRO ONLINE experimentou o Classe E com a única motorização disponível, o motor 2.0 turbo com injeção direta de gasolina, 211 cavalos de potência e 35,7 kgfm de torque a baixas 1.200 rpm. O itinerário incluiu trechos urbanos, rodoviários e experimentações de tecnologia numa pista fechada.
Na vida real o Classe E é um carro muito confortável, especialmente devido aos ajustes de suspensão e trem-de-força permitidos com o seletor de modos de direção. Habitualmente, um modelo de seu porte teria — no mínimo — um motor 2,5 litros turbo ou 3 litros (ou mais) aspirado; mas o propulsor escolhido pela Mercedes dá conta do recado, embora pareça um tanto lento nas saídas (o 0 a 100 km/h, segundo a fábrica, é cumprido em 6s9, com velocidade máxima limitada a 250 km/h). A transmissão automática 9G-Tronic de nove marchas é justificada pela proposta de baixo consumo, mas claramente um câmbio de sete seria suficiente.
O grande pecado do Classe E é a ergonomia, entendendo-se por isso a experiência de interagir com sua cabine e com os comandos. Isso não é novidade nos carros da Mercedes, aliás.
Os problemas incluem os contraintuitivos botões do controle elétrico dos bancos, mantidos nos painéis das portas; as duas alavancas “escondidas” atrás do volante; o touchpad inamistoso do multimídia (cuja navegação entre as funções também é confusa); e a tela posicionada fora do campo de visão do motorista, entre outros.
O conhecedor de carros talvez não dê muita bola para isso, e aficionados pela marca usam o argumento da tradição e da idiossincrasia como defesa — além de dizerem que, com o tempo, o “desconforto” virá hábito. Fica como “sobrepreço” ao levar para casa um carro extremamente tecnologico e, segundo a Mercedes (e como pudemos experimentar nos testes na pista), praticamente imune a acidentes graves — além de estar a um passo da autocondução.
Fichas técnicas e equipamentos: