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Impressões: Toyota Mirai

Imagine um futuro com cenário perfeito, no qual os automóveis não poluem e, ao rodar em modo elétrico, sejam capazes de percorrer longas distâncias sem necessidade de recarga. Imagine ainda que esses veículos sejan muito parecidos, quase idênticos aos que temos atualmente circulando pelas ruas e estradas. Então não desperdice muita energia tentando visualizar esse carro, pois ele está muito mais próximo da realidade do que você pode pensar. 

A Toyota, como fez há 18 anos com o Prius, decidiu dar o primeiro passo para reduzir a dependência dos automóveis de uma fonte finita de energia, como é o petróleo, e em uma iniciativa corajosa, se tornou a primeira marca a comercializar um automóvel movido a hidrogênio em larga escala (outras empresas, como Mercedes-Benz, Honda e Hyundai anunciaram iniciativas similares, mas nenhuma delas lançou um modelo comercialmente). 

Futuro = Mirai

Em japonês, o termo Mirai significa futuro, e não foi à toa que a Toyota resolveu batizar o seu primeiro “carro a hidrogênio de verdade” assim. Por meio da publicação espanhola Autopista (integrante do Grupo Motorpress International), conseguimos a primazia de conduzir o modelo em solo europeu. 

Desde o primeiro momento, já se percebe que não se trata de um automóvel convencional, como o desenho afilado e um tanto futurista indica. Uma vez a bordo, o desenho interno impressiona — apesar de controverso — e transpira vaguardismo, com diversas telas sensíveis ao toque espalhadas pela cabine, que transmitem informações sobre o funcionamento do veículo.

A partida é feita por meio de um botão (como não poderia deixar de ser) e o silêncio é total. A sensação é a mesma de se conduzir outros híbridos ou elétricos. Para quem ainda não sabe, vale lembrar que um automóvel movido a célula a combustível de hidrogênio, como este Mirai, é um tipo de veículo híbrido, a única mudança é a forma como ele consegue a eletricidade. Não é por meio de um motor a combustão, mas sim por meio de uma reação química obtida a partir do hidrogênio (o Mirai armazena 122,4 litros do gás em seus depósitos, que proporcionam uma autonomia de 483 km).

Vocação para maratonista

Passada a curiosidade inicial, percebe-se que o Mirai não exibe nenhum comportamento distinto dos carros que conhecemos atualmente. Ao acelerar mais fundo, o zumbido é típico dos elétricos, mas não chega a incomodar. A aceleração instantânea é empolgante (lembre-se que ele tem 34,2 mkgf à disposição) e, segundo a fabricante, o sedã é capaz de arrancar de 0 a 100 km/h em 9s6. Já a máxima deixa a desejar: apenas 178 km/h. Mas não se pode esquecer que esse Toyota é um modelo cujo principal destaque é a eficiência, e não o desempenho. 

Em movimento, pode optar entre os modos Power e Eco, nos quais os ajustes da transmissão e do acelerador são adaptados para proporcionar mais agilidade ou economia de combustível, respectivamente. Na hora de parar, o Mirai atua como qualquer elétrico/híbrido e utiliza as frenagens para recuperar energia.  

Mas, também como outros elétricos/híbridos, o Mirai apresenta direção pouco comunicativa (devido à assistência elétrica que deixa o volante “leve” demais) e suspensão extremamente macia. Os técnicos da Toyota nos explicaram que isso se deveu ao fato de avaliarmos uma unidade ajustada para o mercado japonês. A versão europeia será diferente, asseguraram.

O motor elétrico do Mirai é capaz de gerar até 154 cv, potência mais que suficiente para proporcionar bom desempenho ao sedã. Além disso, como já foi mencionado, o modelo não tem pretensões esportivas. Ele disputa outra categoria.
Após aproximadamente 20 minutos de viagem, as sensações são as melhores possíveis. O carro se comporta de maneira absolutamente tranquila, e a satisfação fica ainda maior quando se recorda que pelo escapamento do carro não é emitido nenhum gás nocivo, apenas água. Como se não bastasse, ele demora apenas cinco minutos para ser reabastecido. 

Tudo isso, somado à maior autonomia — mais que o dobro — fazem do Mirai uma alternativa mais interessante que um carro híbrido, que necessita de pelo menos 30 minutos (em um ponto de recarga rápida) ou de várias horas para recarregar, e cuja autonomia gira em torno de 250 km. “Ótimo! Então, o que me custa ser ecológico?” você pode perguntar. 

E é aí que surge o problema. O Mirai será vendido na Alemanha ainda este ano por 66.000 euros (sem contar impostos e possíveis isenções ou subvenções governamentais). Muito caro para um sedã médio, sem falar na falta de postos de abastecimento de hidrogênio. Esses dois aspectos são os principais entraves para a popularização desse tipo de automóvel. Resta torcer para que outras empresas sigam os passos da Toyota e ajudem a reduzir os custos. 

Ficha técnica – Toyota Mirai 

Célula de combustível: célula de eletrólito polimérico; densidade: 3,1 kW/l; Potência de saída: 155 cv 
Motor: elétrico síncrono; potência: 154 cv; torque: 34,2 kgfm 
Bateria: níquel-hidreto metálico 
Reservatório de hidrogênio: 2 unidades, sendo um de 60 litros no centro do carro e outro de 62,4 na parte traseira 
Pneus: 215/55 R17 
Comprimento: 4,89 m 
Largura: 1,81 m 
Altura: 1,53 m 
Entre-eixos: 2,78 m 
Peso: 1.850 kg 

Desempenho 

0 a 100 km/h: 9s6 
Velocidade máxima: 178 km/h 

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