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Honda NSX híbrido garante a emoção que Senna queria

Domingo, 25 de outubro, foi um dia para não esquecer. O Tochigi R&D, centro de desenvolvimento e pesquisa da Honda na cidade japonesa homônima, é uma espécie de disneylândia para amantes de automóveis e tecnologia. Além de rodar com todo tipo de veículo que estará nas ruas no futuro, incluindo um protótipo FCV equipado com célula de hidrogênio, pudemos acelerar aqui o superesportivo NSX, ainda inédito. 

O circuito tem várias pistas e foi na principal, um oval “infinito”, que o aguardado híbrido (combustão + eletricidade) mostrou toda a força do seu motor central V6 biturbo com injeção direta de gasolina. A potência desse carro, que conta com três motores elétricos auxiliares (dois à frente e um no eixo traseiro) chega a 573 cavalos.

Foram apenas algumas voltas em Tochigi, mas suficientes para sentir toda a força dessa nova geração do superesportivo, cuja imagem sempre será ligada à do piloto Ayrton Senna.

O NSX foi lançado em 1990, com auxílio do piloto brasileiro (1960-1994), que entregou um relatório para o time de desenvolvimento da Honda com todas as dicas de como deveria ser um carro esportivo.

Em resumo, o ídolo disse: “Um esportivo não precisa ser o mais potente nem o mais rápido. Ele necessita transmitir muita emoção para o piloto”.


Ao relançar este superesportivo, depois de alguns anos com a produção interrompida, Ted Klaus, chefe de engenharia do NSX, disse ter resgatado a filosofia de Senna em cada detalhe. Foram três anos de desenvolvimento.

Vale lembrar que o carro está sendo produzido na fábrica da Honda em Ohio, Estados Unidos, e será vendido por lá com a marca Acura, divisão de luxo da Honda. No restante do mundo será o Honda NSX. 


QUATRO MOTORES
O que Senna não imaginava, na época, é que o carro se tornaria híbrido. Como funciona esse sistema do NSX? Há um motor convencional, o V6 biturbo a gasolina, posicionado longitudinalmente no centro do veículo. Logo atrás, um segundo motor é acoplado diretamente ao virabrequim. Na parte traseira dele funciona um câmbio de dupla embreagem (DCT) de nove marchas. À frente, há dois outros motores elétricos para as rodas dianteiras do NSX.

A bateria, essencial para um sistema híbrido, é equipada com componentes de alta voltagem, que integram uma unidade de energia (Intelligente Power Unit, ou IPU) localizada atrás do banco do passageiro. E uma unidade de transmissão de energia é posicionada sobre o console de controle central dos três motores. Com isso, o esportivo consegue fantástica performance, mas poupa o meio ambiente.

PÉ EMBAIXO
Vamos ao que interessa: a experiência de pilotar. O NSX, um cupê de dois lugares, é bem baixo e a sensação é a de entrar em um cockpit. Aperta-se um botão e o motor V6 biturbo ronca forte — para logo ficar em silêncio, pois o sistema elétrico toma conta.

Basta acelerar fundo para o V6 voltar a rugir. A pista oval convida a pisar sem dó, mas a velocidade máxima foi limitada, em nosso teste, a 185 km/h. Vale lembrar que o carro avaliado ainda era um protótipo.


Na primeira volta, o sistema de pilotagem estava em Sport. Existem outros três modos: Quiet (elétrico, para pequenas distâncias), Sport+ e Track. Sem tirar o pé do fundo do acelerador, o NSX agarrou a pista na curva do oval, transmitindo total confiança de pilotagem.

A Honda mencionou bastante o efeito zero delay, ou atraso-zero ao acelerar, devido aos motores elétricos (o torque é imediato). Também ressaltou o fato de o baixo centro gravitacional permitir ainda melhor performance. A tração do NSX é integral e, dependendo do tipo de uso, pode ser até 70% traseira.

ASSUSTADOR
Aquecimento feito, era a hora de partir para o modo Sport+, o que é feito girando um botão no painel.

O NSX mudou de personalidade, tornando-se agressivo, com suspensão muito rígida e um ronco de motor ainda mais assustador. Pé no fundo — e lá foi ele utilizando todas as nove marchas do seu câmbio automático. Aí sim, deu para sentir o corpo grudado no banco e a pista sendo engolida pela máquina.


A Honda lembra que na posição Quiet (que significa algo como “silencioso”), o NSX se comporta como um carro urbano normal, fácil de dirigir em qualquer lugar e por qualquer pessoa. Mas é difícil esquecer que se está dentro de um esportivo desejado, com carroceria e chassi produzidos em alumínio e fibra de carbono. Seu peso é de apenas 1.725 kg.

O design do novo NSX é assinado por uma mulher, Michelle Christensen, da Acura. O modelo ficou ainda mais agressivo que o protótipo inicial, apresentado em salões internacionais deste ano. As entradas de ar para refrigerar o motor são bem salientes. Enfim, um desenho de extremo bom gosto, além de proporcionar uma ótima aerodinâmica (a Honda não revela esse dado).

A questão é se o carro irá para o Brasil. Sergio Bessa, diretor de Relações Públicas da Honda para a América do Sul, disse que isso ainda está sendo analisado, pois o preço seria muito alto. Nos EUA, o Acura NSX custará em torno de US$ 150 mil. No Brasil, considerando o valor do dólar e mais os impostos, o modelo deve passar de R$ 1 milhão. Bessa explica: “É um carro muito exclusivo e o intuito não é de volume [de vendas], mas ainda precisamos estudar melhor [a importação].”

Os rivais do superesportivo da Honda são modelos igualmente caros, como Audi R8, Porsche 911 e Ferrari 458 — todos disponíveis no Brasil.

Viagem a convite da Anfavea

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