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Honda HR-V encara os rivais

Apartir deste mês, você pdoerá até se cansar da quantidade de SUVs compactos que verá nas páginas da CARRO, mas é por um bom motivo: o segmento hoje dominado por Ford EcoSport e Renault Duster deverá passar por um momento único desde que surgiu, há mais de dez anos.    
 
Como você conferiu na apresentação das páginas anteriores, o Honda HR-V chega ao mercado compartilhando as boas características da gama Fit e City, ou seja, espaço interno bem aproveitado, bancos modulares fáceis de rebater e um porta-malas superior ao da média dos rivais.
 
Claro que a primeira pergunta que surge é óbvia: ele vale a pena? Para isso já providenciamos o primeiro comparativo envolvendo o HR-V, com certeza um dos lançamentos mais aguardados do ano. 
 
Também não poderia faltar o líder em vendas e “benchmark” no segmento (como gostam os marqueteiros), Ford EcoSport. Em 2014, o modelo vendeu respeitáveis 54.263 unidades. 
 
Ao seu lado, selecionamos o Chevrolet Tracker nem tanto por seu volume de vendas, (afinal, ele foi a escolha de 14.170 consumidores no ano passado), mas por seu estilo mais próximo ao dos rivais. Assim como o HR-V, o Tracker tem apelo fortemente urbano, que o digam suas rodas de 18” e direção bem ágil nas respostas, duas características pouco encontradas na categoria. Tanto é que nem a Chevrolet, nem a Honda se preocupam em oferecer versões com tração integral de seus dois modelos. 
 
E o Renault Duster, podem perguntar os mais observadores? Pois é, nós bem que gostaríamos de incluir o modelo neste encontro, mas a fabricante alegou não ter uma unidade disponível para nos ceder em tempo hábil. Na verdade, como sabemos de bastidores, a Renault prepara um facelift para o modelo encarar a forte concorrência nos próximos meses, e somente quando ele estrear — o que deve ocorrer ainda neste semestre —, é que poderemos vê-lo em um comparativo. 
 
Quem lê a CARRO com frequência vai notar uma diferença nesta reportagem. Ao contrário dos demais comparativos, não teremos nossa análise de mercado, uma vez que não conseguimos o preço final do HR-V até o término desta edição. Devido a isso e ao fato do modelo sequer ter chegado ao mercado enquanto você lê essas linhas, também nos faltariam subsídios para obter dados como a desvalorização, seguro, cesta de peças, dentre outros. De qualquer maneira, como o HR-V ainda vai figurar em muitas matérias, você verá esses dados em breve. 
 
 O que eles entregam por R$ 90.000 
 
Como era de se esperar, a Honda optou por apresentar o HR-V em sua versão mais equipada, a EXL, que deverá ter preço na casa de R$ 90.000. Por isso, também escolhemos o EcoSport e o Tracker em suas configurações equivalentes. 
 
O cenário até que ajudou o Chevrolet. Único dos três que é importado, o Tracker chega às lojas em versão única partindo de R$ 85.890. Todo equipado, com teto solar e airbags laterais, como o carro testado, ele encosta nos R$ 90.000. Apesar de ser um excelente produto, essa escassez de opções mais acessíveis é o que impede o Tracker de obter números melhores de venda. 
 
O Tracker é aquele típico automóvel que conquista você na hora de dirigir, mas na hora de analisar seus itens de série na ponta do lápis fica difícil justificar seu preço. É uma pena ele ficar devendo recursos importantes de segurança, como os controles de estabilidade e tração. 
 
O EcoSport Titanium é o oposto. Além de ser o mais barato dos três, ele é o mais equipado. Só no Ford você vai encontrar equipamentos como o airbag de cortina, partida por botão e sensor de chuva. Além disso, assim como no Honda e ao contrário do Tracker, o EcoSport traz os controles de estabilidade e tração na versão avaliada.
 
Nesse ponto, apesar de contar com uma robusta central multimídia, com navegador e câmera de ré, o Honda poderia oferecer mais em termos de equipamentos pelo que custa. Considerando a ênfase que a Honda deu para o acabamento do modelo, com a boa solução do console central revestido de couro, ele deveria disponibilizar teto solar, mais bolsas infláveis (até por ser um projeto mais recente), sensores de chuva e luminosidade, dentre outros recursos.  
 
Outra coisa em que o HR-V também poderia melhorar é na distribuição e no formato dos porta-objetos para motorista e passageiro. Apesar dos 7 porta-copos presentes no Honda, quem sai do Tracker e vai para o HR-V tem a impressão de que se instala melhor no Chevrolet. A bordo do Tracker é mais fácil encontrar os locais mais convenientes para abrigar celular, carteira etc. Tudo o que facilita a convivência no dia a dia. 
 
Mas é inégavel que poucos conseguem se equiparar à Honda quando o assunto é aproveitamento do espaço interno. Praticamente com as mesmas dimensões de Tracker e EcoSport, o HR-V oferece uma sensação de espaço bem melhor. Essa superioridade também foi comprovada em nossa soma das medidas internas. 
 
Outra qualidade que o HR-V traz para o segmento dos SUVs compactos é o porta-malas com capacidade superior a 400 litros. Para quem tem família grande ou costuma fazer viagens mais longas, os 306 litros do Tracker ou os 362 litros do EcoSport podem ser pouco. Até então, somente o Renault Duster, com 475 litros, atendia quem buscava um porta-malas maior. 
 
Também é interessante destacar como o HR-V é singular em sua proposta. Ele é o único que não ultrapassa os 1,60 m de altura, uma estratégia da Honda para enfatizar os traços mais esportivos de seu utilitário esportivo compacto. A solução estética das maçanetas traseiras embutidas também conta com a mesma finalidade. 
 
O EcoSport, por sua vez, é o mais alto do trio e encosta nos 1,70 m. O estepe na tampa traseira e o fato de ser o único a contar com pneus de uso misto, fazem dele o SUV de maior apelo, pelo menos no visual, para quem gosta de enfrentar uma trilha. Tracker e HR-V preferem o asfalto.  
 
No asfalto, aliás, o Tracker é sem dúvida o mais interessante dos três. Estável e sempre atento às menores movimentações do volante, o Chevrolet é definitivamente o SUV para quem gosta de dirigir. O melhor é que, graças à maior altura em relação ao solo, as rodas maiores do Tracker, que tanto ajudam no comportamento dinâmico, não sacrificam o conforto aos ocupantes. Quem já andou por ruas esburacadas com um Kia Soul com as rodas aro 18” vai entender o que estou dizendo. 
 
O Honda HR-V fica logo atrás do Tracker quando o assunto é o prazer ao volante. Ele também é correto nas respostas, porém não conta com aquele tempero a mais presente no Chevrolet. O EcoSport, até pela altura maior, tende a inclinar mais a carroceria em algumas curvas e pede um pouco mais de atenção. Já na hora de acelerar, entretanto, o Tracker ficou para trás nas provas de desempenho, apesar de seu bom motor 1.8 16V com 144 cv. 
 
O HR-V também traz um 1.8 16V sob o capô, o mesmo do Civic, e ainda é o menos potente entre os modelos reunidos aqui, porém ele não deixou a desejar e andou lado a lado com o EcoSport e seu 2.0 16V de 147 cv. 
 
É perceptível que o câmbio CVT ajuda muito o HR-V, que ainda tem a vantegem de contar com 7 marchas virtuais que podem ser comandadas por borboletas no volante na versão EXL considerada aqui. O comportamento da caixa é bem característico, mantendo as rotações do motor em um regime elevado no caso de aceleração plena, mas falta uma certa progressividade, como ocorre nos Audi com câmbio Multitronic (CVT).  
 
Não fosse pelas retomadas, onde o EcoSport foi melhor, o HR-V seria o carro mais rápido do comparativo. Infelizmente, como a Honda só nos disponibilizou o carro na pista de testes, não conseguimos realizar nossos ciclos de consumo urbano e rodoviário. EcoSport e Tracker ficaram bem próximos nesse quesito, o primeiro com média PECO (55% urbano e 45% rodoviário) de 7,5 km/l, e o segundo obtendo 7,6 km/l. É bem possível que o HR-V equipare, ou até mesmo supere, as médias obtidas pelos concorrentes.  
 
Uma vantagem do Honda é que ele conta com o sistema FlexOne, que dispensa o reservatório de gasolina para as partidas a frio presente no Tracker e no Ford. Outro aspecto positivo do HR-V é o silêncio a bordo, o que denota um bom cuidado construtivo. O mesmo também pode ser dito do Tracker, que registrou números próximos em nossas medições de ruído. 
 
Com tudo calculado, o Honda HR-V vence por uma boa margem de diferença seu primeiro encontro com Chevrolet Tracker e Ford EcoSport. O fato de ter superado o modelo mais vendido do segmento também serve como uma boa referência para o estreante.  
 
O modelo apresentou comportamento semelhante ao dos rivais, desempenho bom para a categoria e se destacou mesmo, como era de se esperar, pela referência que temos do Fit, em atributos relacionados ao aproveitamento do espaço disponível no habitáculo. 
 
A Honda soube estudar bem os pontos fortes e fracos dos rivais, fazendo com que o HR-V entregue o projeto mais moderno e em sintonia com as atuais demandas do público consumidor dessa categoria de veículo. No máximo em dois meses o Jeep Renegade e o Peugeot 2008 já deverão ser lançados e, aí, sim, a disputa vai pegar fogo. Claro que as cenas dos próximos capítulos você vai conferir aqui  na CARRO! 
 
Conclusão 
 
1º – Honda HR-V EXL – 197 pontos 
 
O Honda só precisa melhorar o custo-benefício, uma vez que ainda deve equipamentos importantes se comparado ao EcoSport, porém tirando isso ele oferece o melhor conjunto. Sua cabine é espaçosa e versátil, além de contar com um padrão de acabamento mais nobre em relação aos rivais ao oferecer mais áreas com revestimento de couro. Somente a disposição dos porta-objetos pela cabine poderia ser melhor trabalhada. O acesso para as entradas auxiliares da central multimídia, por exemplo, não é dos mais confortáveis e práticos, um “sacrifício” para o console central inteiriço que separa o motorista e o ocupante do banco do passageiro. A Honda acertou ao contemplar um porta-malas com mais de 400 litros de capacidade, algo que torna mais fácil uma viagem longa com o modelo. O conjunto motor e câmbio do HR-V também mostrou uma boa sintonia, sendo que pela primeira vez temos aqui no Brasil a combinação entre o motor 1.8 16V do Civic com o câmbio automático de relações continuamente variáveis. Mesmo sendo o modelo com os menores valores de potência e torque, ele praticamente empatou com o EcoSport na maioria das provas de desempenho.
 
2º – Ford EcoSport 2.0 Titanium – 192 pontos
 
A Ford já deverá estar se preparando para reinventar o EcoSport, algo que será necessário daqui para frente para manter o posto de utilitário esportivo mais vendido do Brasil. A segunda – e atual – geração completará três anos de mercado em agosto. Levando em consideração seu motor 2.0 16V, o EcoSport deveria entregar mais em desempenho. O modelo também não oferece uma boa sensação de espaço, em especial para os ocupantes no banco traseiro, o que denota que seu projeto está ficando ultrapassado quando colocado ao lado de um modelo recente como o HR-V. 
 
3º – Chevrolet Tracker LTZ – 187,5 pontos 
 
O Tracker é uma excelente opção para quem gosta da posição de dirigir elevada de um SUV, mas não abre mão de uma tocada esportiva na hora de conduzir. Nesse ponto o Tracker é um veículo bem singular. Mesmo assim, ele não oferece o melhor desempenho e, por ser importado, também acaba com um custo-benefício pouco favorável. Ele também deve os controles de estabilidade e tração, o que lhe custa pontos importantes em segurança ativa. É o modelo com a proposta mais semelhante à do HR-V, de um “crossover urbano”, e que veremos cada vez mais daqui para frente. 
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