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Freios: de olho nos sinais

Ruídos ou “assobios”, trepidações ou carro “puxando” para um dos lados durante a frenagem ou demora para parar são indícios de que algo nos freios não vai bem. Apesar de ser um item essencial para a segurança, tem gente que acredita que a manutenção dos freios se limita à checagem das pastilhas e das lonas de vez em quando. Além disso, a maioria dos motoristas desconhece o tempo de vida útil dessas peças fundamentais, a hora de trocá-las e outros cuidados de conservação.

Fora as conhecidas pastilhas e lonas — materiais de atrito que garantem a frenagem e cuja deterioração é mais evidente —, o sistema de freios é composto por peças fixas e móveis. São retentores, mangueiras, pistões, anéis de vedação, cilindros e diversos componentes que sofrem desgaste natural com o tempo e o uso. Por exemplo, as molas de freio têm uma vida útil projetada e perdem sua força de atuação e eficiência.

A Fras-le, fabricante de pastilhas e lonas, recomenda a substituição das molas a cada troca das lonas. Outro detalhe que interfere na perda de eficiência são as folgas no sistema. Como elas possuem limites, as buchas dos freios também devem ser trocadas para eliminar tais folgas conforme especificações da fabricante.

A durabilidade de lonas e pastilhas depende muito da aplicação e dos cuidados do motorista. O que mais afeta a durabilidade e a segurança é o excesso de temperatura que desgasta os materiais de atrito. Além disso, há ainda a contaminação dos freios, especialmente em carros que circulam muito em vias não pavimentadas.

Assim como as lonas, as pastilhas usadas não devem ser reaproveitadas. Se vida útil chegou ao fim, deve-se descartar toda a peça. “Apesar de a durabilidade média de discos e pastilhas ser de 40.000 km, o sistema necessita de revisão a cada 5.000 km ou anualmente, tanto nas rodas traseiras quanto nas dianteiras”, orienta Eder Veiga Borin, gerente comercial da Fremax, fabricante de discos e tambores.

Se precisar trocar alguma peça, fique de olho na qualidade, desconfiando das mais baratas. “Elas costumam forçar todo o sistema de suspensão”, avisa o gerente. “Um disco de freio empenado provoca trepidação em todo o veículo, podendo, ainda, danificar outras partes.”

Além disso, o mecanismo é acionado por um item muito importante, o fluido de freio, que necessita ser trocado conforme a especificação da fabricante do veículo.

Utilizado nos em todos os veículos, o fluido, além de funcionar como lubrificante, transmite a pressão que aciona lonas e pastilhas por conta de sua baixa compressibilidade e do alto ponto de ebulição.

Em frenagens contínuas, o sistema de freio atinge 700 °C, sendo que o fluido chega a 180 °C, porém, com o tempo, ele absorve umidade do ar, o que altera as suas propriedades, mesmo em carros com pouco uso. “A contaminação com água provoca a diminuição do ponto de ebulição e bolhas que causam desgaste e falhas na frenagem”, esclarece Borin.

Completar o fluido do reservatório também está fora de questão. Como o líquido não evapora, qualquer diminuição do nível indica vazamento ou pastilhas gastas. “A única alternativa é uma revisão”, alerta.

Os fluidos de freio são classificados conforme o número DOT (sigla do Departament of Transportation dos Estados Unidos, instituição que regula a qualidade). Ele se refere ao ponto de ebulição de cada tipo, à base de glycol (DOT 3, DOT 4, DOT 5.1) ou de silicone (DOT 5, para veículos de alto desempenho). Quanto maior o número, maior o ponto de ebulição e melhores respostas durante a frenagem.

Os carros mais antigos utilizam o DOT 3. Desde 1996, o DOT 4 é utilizado por todas as fabricantes. “É o mais indicado se não houver especificação, com ponto de ebulição a 250 °C e troca a cada 20.000 km”, explica Borin. O fluido de freio nunca pode ser reaproveitado nem ser misturado a outros de características diferentes.

9 DICAS: Mais segurança e durabilidade
 
1. Revise o sistema anualmente e troque o fluido conforme especificação do veículo;
2. Dirija com cuidado, utilizando a redução das marchas do veiculo. Em um automóvel leve, a simples redução das marchas com o uso do freio-motor permite ‘’segurar’’melhor o carro;
3. Evite as freadas bruscas;

4. Fique atento ao aquecimento do sistema de freio e pare o veículo o mais rápido possível (a cada frenagem, a temperatura tende a subir mais e o carro poderá ficar sem freios);

5. Além do freio-motor, os veículos comerciais possuem dispositivos (retarder, top brake) que economizam as lonas porque os freio são menos utilizados;

6. Em pistas molhadas há a perda de aderência entre pneu e o piso, reduzindo o atrito para as frenagens e aumentando a distância de parada. Se há travamento das rodas, o veículo perde aderência e estabilidade, podendo deslizar na pista ou ficar desgovernado;
7. Na hora de trocar as peças, não observe apenas o preço. As muito baratas podem não ter a durabilidade esperada ou a eficiência necessária;
8. Utilize itens de qualidade, originais ou de fornecedores das fabricantes, adquiridos preferencialmente em lojas ou distribuidores autorizados;
 
9. Procure oficinas credenciadas com equipamentos adequados e mão de obra especializada para revisão e troca.

 

Pé no freio: sinais que indicam que é hora de parar para a revisão

Problema

Possíveis
causas

Carro
“puxando”

Mangueiras entupidas, pistões gastos ou sujos, discos empenados

Ruídos

Desgaste nas pastilhas e/ou discos

Barulho na frenagem

Desgaste nas pastilhas e lonas

Nível do fluido baixo

Vazamento nos cilindros ou nas mangueiras

Trepidações

Discos empenados
ou tambores

Freio de mão alto(para “segurar” o carro é preciso puxá-lo muito)

Sapatas                          desreguladas
ou gastas

Pedal
do freio baixo

Vazamento
de fluido, desgaste das lonas traseiras

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