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Como é o Bentley Bentayga, 1º SUV de marca superluxo

Bentley Bentayga será o primeiro SUV da marca de luxo

Estamos na região de Ivalo, uma cidadezinha no norte da Finlândia, e cinco veículos compõem nosso comboio. Uma van VW T5 e quatro modelos Bentley. Um Mulsanne, um Continental GTC V8 e dois protótipos devidamente disfarçados. Trata-se das duas primeiras unidades pré-série do aguardado Bentayga, o primeiro SUV da marca britânica.

Essa avaliação complementa uma série de testes iniciados em Crewe (sede da empresa) e na superprotegida pista alemã de Ehra-Lessien, pertencente ao grupo VW. As diferentes condições meteorológicas devem proporcionar informações valiosas para os engenheiros da fábrica. 

Mas, pouco antes de iniciarmos nossa viagem, algumas luzes de advertência no painel de um dos protótipos acendem, fazendo com que os técnicos tenham de trabalhar rápido. Mas Simon Blake, responsável pela carroceria e pelo interior do projeto, não parece muito preocupado. “Esse tipo de problema ocorre com frequência nesta fase dos projetos”, explica. “Se for preciso, ignoramos as luzes e seguimos com a avaliação”, afirmou. Felizmente, isso não foi preciso. Os técnicos detectaram e solucionaram o problema, permitindo a nossa partida.

JOGO DE ADIVINHAÇÃO 
A bordo do Bentayga, tentamos descobrir o máximo possível, mas a tarefa não é fácil. Afinal, todo o painel está coberto por um tipo de tapete. Mesmo assim, é possível distinguir um tweeter ou alto-falante na parte superior do painel. Blake, porém, não confirma – nem desmente – nada. 

“O último veículo virou à esquerda”, avisa alguém pelo rádio. O alerta é providencial, já que a quantidade de placas indicativas nesta região da Finlândia é praticamente nula. Lembrar que ainda temos de rodar 330 km e depois retornar pelo mesmo caminho cheio de neve derretida, lama e trechos com gelo começa a preocupar.

Aproveito para indagar Blake sobre uma possível concorrência do Bentayga com o Audi Q7. O engenheiro, desta vez, não se mostra tão evasivo. “É possível que ocorra”, concorda. 

Do fundo do carro, outra voz se faz ouvir. É Rolf Frech, um dos diretores de desenvolvimento da Bentley. Sentado em um dos bancos adicionais (estamos na versão com capacidade para sete passageiros), ele explica que aproximadamente 80% das vendas do futuro modelo deverão ser dessa versão. Não é à toa, portanto, que a empresa dedique tanta atenção ao acabamento na região da terceira fileira de bancos. E quanto à versatilidade e à capacidade do porta-malas? De acordo com Frech, a maioria dos clientes da Bentley não está preocupada com isso. Em todo caso, o executivo conta que haverá também uma configuração para cinco passageiros e maior área para bagagem.

A viagem segue tranquila e o silêncio a bordo chama a atenção. O conta-giros indica 1.500 rpm e deduzo que o motor W12 deve estar trabalhando com apenas metade de seus cilindros. “No novo motor conseguimos cortar o funcionamento de apenas um cilindro, se for o caso, sem prejudicar o equilíbrio do funcionamento”, explica Simon Blake.

A tranquilidade, porém, não dura muito, já que o piloto de testes acelera fundo e os 12 cilindros entram em ação num piscar de olhos, fazendo o Bentayga ganhar velocidade rapidamente. Mesmo assim, o comportamento do modelo seguiu sereno, como o de um tradicional sedã da marca.  

NOTE E ANOTE 
Os bancos são muito confortáveis e todos os ajustes são elétricos, incluindo os apoios de cabeça. “Eles utilizam a estrutura dos usados no Q7”, revela Blake. Já o quadro de instrumentos possui um monitor digital central, mas os indicadores são clássicos. “Houve muita discussão sobre adotar um quadro digital como o do Audi TT, mas estou certo de que nossos clientes apreciarão esta versão”, afirmou o executivo. 

Nem tudo, porém, se mostrou impecável no protótipo durante a nossa viagem. Durante as acelerações, foi possível perceber um ruído mecânico, o que foi registrado por um dos técnicos. Da mesma forma, a suspensão passou a apresentar ruído, assim como os pedais. Jürgen Kern, responsável pelo nosso “passeio”, anotou tudo.

Devido a uma tempestade de neve, interrompemos a viagem programada e retornamos mais cedo à base. Aproveitamos para trocar de protótipo e então é a vez de avaliar o modelo dotado de tração integral. O objetivo é chegar a Ivalo atravessando vias repletas de neve fofa e trechos congelados, para testar a real capacidade do sistema de tração (que pode trabalhar com uma distribuição fixa de 40% da potência para as rodas dianteiras e 60% nas traseiras), assim como o novo controle de estabilidade ativo. O diretor de desenvolvimento Rolf Frech está contente, o Bentayga avança sem problema, superando os obstáculos, sem titubear. “Acho que poderíamos avaliar o carro com um trailer”, diz. O comboio, por fim, chega ao seu destino. “O último carro entrou no estacionamento” é a mensagem no rádio. Então, volta o silêncio. 

EIS O NOVO MOTOR W12
Dependendo do veículo ao qual se destina, a nova geração do motor W12 pode apresentar índice de emissões inferior a 250 g/km, o que equivale a um consumo de 9,3 km/l, de acordo com a fabricante. Com 6 litros de cilindrada, esse motor pode gerar 608 cv a 6.000 rpm e 91,8 mkgf entre 1.500 e 4.000 rpm. Além do recurso de desativação dos cilindros e de Start-Stop, a novidade ainda contará com uma nova injeção de combustível, que combina os sistemas direto e indireto, lubrificação especial para fora-de-estrada, turbocompressor de dupla voluta e será montado sobre coxins hidráulicos. De acordo com os técnicos do grupo VW, este é o motor mais eficiente já produzido com esse número de cilindros.  

 

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