A Fiat é líder de mercado há 14 anos, mas em 2016 ela está perdendo seu posto para a Chevrolet. Considerando as vendas até o final de agosto, a montadora italiana tem 15,49% de participação de mercado, contra 16,70% da americana. A diferença é considerável, levando em conta a atual situação do mercado automotivo, porém, nada está definido, já que as duas marcas agregaram novidades em seus portfólios este ano.
No caso da Fiat, o lançamento mais importante do ano foi a picape Toro, que vendeu 24.347 de março a agosto deste ano, tornando-se a picape mais vendida do mercado, excluindo as compactas que são derivadas de carros, superando as vendas de picapes tradicionais como Chevrolet S10 e Toyota Hillux.
Alguns pontos que são importantes para o sucesso da Toro são: a gama que vai de uma versão 1.8 flex com câmbio de seis marchas, até a topo que tem motor 2.0 turbodiesel de 170 cv, tração 4×4 e câmbio automático de nove marchas, o que faz com que ela atinja uma gama ampla de clientes (com preços que variam de R$ 81 mil até R$ 130 mil).
Outro fator importante é a dirigibilidade em relação as picapes médias, pois ela usa chassi monobloco, o que faz com que o comportamento da picape seja próximo ao de um SUV, mas com a caçamba na traseira, enquanto as picapes médias usam chassi cabine, cuja arquitetura implica o comportamento “instavél” da carroceria, já característico de picapes médias.
Adriano Rezende, diretor de marketing da Fiat, comenta o sucesso de vendas da Toro: “era exatamente o que nós esperávamos, já que o papel dela era muito importante para a nossa gama de veículos”. “Atualmente, ela é o nosso carro-chefe que ajuda a elevar o padrão da marca. Teremos novidades para a picape no futuro e esperamos que ela continue surfando no topo desta onda.”
Além do sucesso da Toro, a Fiat trouxe novidades para o mercado dos hatches, o qual o volume de vendas é mais alto, já que os carros são mais acessíveis — ao menos em teoria. O primeiro lançamento neste segmento foi o Mobi, que tem a proposta de um city car e, no mês passado, emplacou 3.840 unidades, aproximadamente 800 unidades a mais que o Volkswagen up!, seu principal concorrente no mercado. Embora supere seu rival, o volume está aquém das mais de 4.000 unidades vendidas por mês do microcompacto, conforme previsões da marca na época do lançamento da versão Way.
Quem fecha a lista de lançamentos da Fiat até o momento é o Uno, que chega ao mercado com leves mudanças visuais, mas com uma família de motores totalmente nova, a Firefly, cujos blocos são o 1.0 de três cilindros de 77 cv e o 1.3 de quatro cilindros de 109 cv. Com as mudanças, a Fiat espera que as vendas do uno aumentem entre 5% e 7%, ficando entre três e 3,2 mil unidades.
Com tantas novidades, a Fiat se considera na briga pela liderança do mercado, mas deixa claro que não está trabalhando só para isso. “Estamos nos esforçando para encerrar 2016 cumprindo todas as nossas metas internas, baseadas em pilares como volume e rentabilidade. Caso a liderança do mercado venha no final do ano, será uma coroação de um bom trabalho”, comentou o Rezende.
Mesmo com todas as novidades da Fiat e o sucesso da picape Toro, a Chevrolet também faz por merecer a liderança do mercado, tendo renovado praticamente toda a sua gama de produtos, sendo que alguns deles mudaram de geração e outros receber apenas um facelift ou aprimoramentos mecânicos.
Um dos grandes lançamentos da Chevrolet este ano foi a segunda geração do Cruze, que traz um novo motor 1.4 turbo de 153 cv e 24,5 quilos de torque, além do visual totalmente renovado. Com isso, o sedã médio da Chevrolet ganhou fôlego para seguir brigando em seu segmento.
“O modelo dos olhos” da Chevrolet também foi renovado este ano, ainda que ele tivesse fôlego para continuar no topo do mercado: o Onix. Com visual adotando a nova identidade da marca, além de receber aprimoramentos mecânicos (que fazem a Chevrolet chamar de uma nova geração de motores 1.0 e 1.4) e novos equipamentos como o sistema multimídia MyLink 2 (capaz de espelhar smartphones), o popular tem a missão de manter um bom volume de vendas para segurar o posto de carro mais vendido do Brasil, como foi no ano passado.
Prisma, Cobalt, Spind e S10 também passaram por mudanças importantes, deixando claro que a montadora mira a primeira colocação do ranking de vendas e se preparou para isso.
A Chevrolet também está investindo bastante em campanhas de vendas e propagandas veículos em diversos canais de TV e outros meios de comunicação. A ousadia de desafiar modelos rivais em seus comerciais e a velha solução de contratar rostos conhecidos para promover feirões de vendas dão o tom da estratégia voraz da marca para aumentar sua participação de mercado.
Brigando unidade a unidade, Chevrolet e Fiat travam uma disputa saudável pelo topo do mercado, especialmente em um momento em que a indústria, como um todo, faz malabarismos para cortar custos e reduzir os impactos da queda de vendas do mercado. O resultado desta briga só conhecermos no final do ano, mas enquanto houver a concorrência acirrada, quem tende a ganhar é o consumidor.