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As tendências do design

"Já podemos criar comandos em 3D como hologramas, que podem ser comandados por gestos, criando uma experiência única"

“O interior dos automóveis terá de se adaptar às necessidades dos consumidores”, Marc Lichte, Designer-chefe da Audi.

Uma experiência de condução em todos os sentidos, que inclua todos os ocupantes do carro. Esse é o nosso objetivo para 2030. Para isso, dedicamos atenção especial ao sistema de infoentretenimento, que terá a missão de transmitir todas as informações em 3D, como um holograma, que possa ser controlado por gestos. Os ocupantes de trás terão um sistema exclusivo e poderão desfrutar de informação e outros dados sem a interferência de quem viaja na frente. O interior terá de se adaptar às necessidades dos consumidores.

O uso de materiais renováveis e não agressivos ao meio ambiente vai permitir resolver as aparentes contradições com o estilo luxuoso, permitindo manter o tradicional padrão de qualidade Audi. Além disso, a utilização de componentes individuais em cada modelo permitirá desenvolver veículos distintos, direcionados a consumidores com necessidades diferentes, mas produzidos a partir de uma mesma plataforma. Isso nos permitirá otimizar custos de produção sem perder a qualidade e a individualidade de nossos carros.

“Nós estamos em uma situação como a de um veículo parado em um cruzamento”, Adrian van Hooydonk, Designer-chefe da BMW.

Atualmente, temos muitas transformações ocorrendo, e em 2030, tudo isso já poderá ser realidade, como os carros elétricos, por exemplo. Outro item é a conectividade, graças à qual poderemos ter um trânsito livre de acidentes. Mas estamos em uma situação como a de um carro em um cruzamento. Explico: é certo que o volante vai continuar a existir, mas muitos botões que hoje existem nele vão desaparecer. Mas de quais funções não vamos precisar?

O mesmo vale para a informação. Se passarmos a armazenar dados nas “nuvens”, em breve não precisaremos mais ter computadores a bordo dos veículos, bastará ter uma interface, como um simples smartphone, para acessar o dado na “nuvem”. Os carros, aliás, poderão até “conversar” entre si, trocando informações em tempo real sobre o trânsito, clima em outras regiões etc.

A tecnologia já está disponível. Um exemplo são os vidros laterais dos automóveis. Por que não transformá-los em grandes telas nos quais os passageiros possam ler suas mensagens de SMS, por exemplo? Isso já é possível de ser feito, mas, antes, temos de saber qual o rumo que iremos tomar. Enquanto não surge uma definição sobre isso, acredito que o papel fundamental dos designers é manter a beleza dos automóveis, o que não é fácil.

“Os carros deverão sofrer uma mudança radical”, Gordon Wagener, Mercedes-Benz.

Designers sempre trabalham imaginando o futuro. Hoje o mundo todo está mudando, e tenho certeza de que as mudanças que envolverão os automóveis serão radicais.

Acho que, cada vez mais, as pessoas vão desejar que o automóvel seja uma extensão de dois ambientes: casa e trabalho. No primeiro caso, quando está com a família, o motorista vai desejar que o carro tenha o mesmo conforto e a segurança do lar para a sua família. Seja em passeios de fim de semana ou em viagens. Da mesma forma, no dia a dia, ele vai querer aproveitar o tempo ao máximo, transformando o carro em um local de trabalho. A intenção, com isso, é ganhar tempo a fim de usufruir do convívio com a família.

E para conseguir isso, será imprescindível que o carro possa se adaptar, criando ambientes distintos, seja por meio de iluminação, do sistema de infoentretenimento, do acabamento etc.

A sensação terá grande importância, e para transmitir isso de maneira intensa, será preciso investir em experiências que os consumidores possam perceber claramente, de forma mais objetiva possível. Será um grande desafio.

“O para-brisa será como um enorme Head-Up Display”, Shiro Nishimura, Nissan.

Os navegadores e a conexão com a internet serão itens fundamentais em qualquer veículo. Assim, acredito que o para-brisa pode ser usado como um enorme Head-Up Display com muita informação à disposição.

Além disso, a condução autônoma deverá ser popular em 2030, o que proporcionará um trânsito livre de acidentes e cidades com menos congestionamentos. Mas o que não deverá mudar é o estilo dos automóveis. A carroceria continuará sendo a tela onde os designers vão demonstrar os seus sentimentos.

“O número de botões no interior será reduzido”, Martin Smith, Ford.

O carro do futuro será diferente dos atuais em muitos aspectos. Na parte interna, por exemplo, o número de botões e de comandos deverá ser bastante reduzido, para um ou dois, no máximo. As funções serão acionadas por voz ou por gesto, e a tendência é que o para-brisa seja utilizado como um gigantesco Head-Up Display.

A condução autônoma certamente ganhará importância, e isso também fará com que os ocupantes do carro necessitem de entretenimento. Aliás, o interior dos carros terá de ser repensado, pois será preciso oferecer outro nível de conforto para os passageiros. Gosto de imaginar a cabine do carro do futuro como um lounge.

“A informação será visualizada em camadas”, Klaus Bischoff, Volkswagen.

A mobilidade é uma das maiores preocupações da humanidade, especialmente em regiões de muita densidade populacional. Para a indústria automotiva, o desafio é criar uma rede inteligente que possibilite criar um trânsito livre de problemas.
O aumento no número de programas de assistência à condução permitem imaginar que a condução autônoma poderá ter um papel decisivo na melhoria do trânsito. Mas, para conseguir implementar isso, será preciso modificar profundamente o nosso modo de viver o trânsito. As pessoas deverão estar sempre conectadas, compartilhando informações a fim de auxiliar a rede. Já a informação terá de ter qualidade para ser compartilhada. Estaremos prontos para isso?

Com relação ao visual dos carros, acho que o desenvolvimento de novos estilos e linguagens poderá influenciar o estilo dos modelos do futuro. Mas não podemos esquecer que os novos materiais terão de proporcionar resistência aliada a redução de peso. A aerodinâmica continuará a ter papel preponderante. Então, forma e função, que já são características inseparáveis atualmente, continuarão a ser em 2030.

“Acredito que novas proporções deverão surgir”, Michael Mauer, Porsche.

O desenvolvimento de novas tecnologias de propulsão e a redução de componentes como as baterias e os motores elétricos permitirá modificar muitas proporções em um automóvel convencional. As dimensões poderão crescer.

Somente com os motores elétricos — ou de outro tipo será possível alterar as proporções de capô, cabine etc, criando mais espaço para os ocupantes. Até os anos 1930, havia carros com compartimentos de motor gigantescos, impressionantes, mas pouco funcionais. A eficiência permitirá que uma nova revolução aconteça.

“Visual externo com formas mais ousadas”, Mark Adams, Opel.

 Os automóveis serão menores e terão visual mais ousado e com personalidade. As novas tecnologias proporcionarão mais conforto a bordo, além de segurança. O downsizing dos motores continuará, e os sistemas mais eficientes serão adotados em todos os modelos.

Na parte externa, os carros terão desenhos mais marcantes, privilegiando a aerodinâmica. A forma seguirá a função. Na parte interna, muitas melhorias serão possibilitadas pelos comandos por voz, e o número de botões no painel diminuirá radicalmente. O potencial para os designers explorarem o interior dos automóveis será imenso, impossível de imaginar atualmente.

 

 

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