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Aposta cautelosa

Classe B elétrico é equipado com motor fornecido pela Tesla

Diferentemente da rival BMW, a Mercedes-Benz está entrando no segmento dos carros elétricos de maneira bastante cautelosa. Nesta semana a fabricante sediada em Stuttgart lançou no mercado a versão elétrica do monovolume Classe B. O modelo foi adaptado para receber o conjuto de motor e bateria da Tesla, fabricante americana de carros elétricos, ao contrário da estratégia da BMW com o i3, que criou do zero um modelo elétrico. As informações são da Bloomberg

Enquanto a BMW construiu o ethos e pathos (conjunto de princípios e imagens) específicos para sua gama “i”, mais bem representada pelo i3, totalmente elétrico, com carroceria de fibra de carbono e acabamento utilizando materiais reciclados e/ou de origem orgânica, o Classe B elétrico é identificado apenas por alguns detalhes em azul nos retrovisores e grade frontal. “O Classe B elétrico é uma solução de baixo risco e baixo custo para a Daimler”, explicou Stefan Bratzel, diretor do Centro de Gerenciamento Automotivo da Universidade de Ciências Aplicadas de Bergisch Gladbach, na Alemanha, ouvido pela agência de notícias. 

Isso porque a linha i da BMW consome bilhões em recursos para seu desenvolvimento e manuntenção, enquanto o monovolume de zero emissões da Mercedes compartilha a mesma plataforma de produção das versões à combustão e a unidade de propulsão elétrica é fornecida pela Tesla (ainda que a companhia alemã tenha vendido recentemente seus 4% de ações da americana por US$ 780 milhões). “Pode-se dizer de maneira sensata que ninguém está produzindo veículos impulsionados por bateria que são economicamente viáveis para se sustentar sozinhos”, justificou Dieter Zetsche, CEO da Daimler AG. “As fabricantes não verão retorno dentro de um prazo razoável para os bilhões que estão investindo agora.”

Zetsche ainda garantiu que o alcance, desempenho e espaço interno do Classe B são bastante similares ao do i3, “mas nosso esforço foi drasticamente menor”, compara. Já a BMW se defende e aponta que desenvolver veículos “nascidos elétricos” (conforme o slogan da linha i da companhia bávara) tem suas vantagens: “peso, dirigibilidade e autonomia ficam em proporções ideais”, explicou Mathias Schmidt, porta-voz da BMW. 

Com base em uma pesquisa realizada pela IHS Automotive, empresa americana especializada em consultoria automotiva, a estratégia arriscada da BMW pode render mais frutos à empresa do que o Classe B elétrico para a Mercedes. Segundo as estimativas da empresa, a cada Classe B vendido outros dois i3 já estarão nas mãos de novos consumidores em 2020. Este número leva em consideração apenas a versão puramente elétrica do i3, pois se incluir a equipada com um motor a gasolina para estender a autonomia do monovolume, as vendas do modelo da BMW vão atingir 32.400 unidades, frente às 6.400 do Classe B, de acordo com a IHS. 

Este cenário é justificado pelo apelo de exibição que carros ambientalmente amigáveis possui sobre o consumidor ecologicamente engajado. Para Anjan Hemanth Kumar, consultor da Frost & Sullivan, empresa analista de mercado, este tipo de consumidor vislumbra ter seu engajamento notado pelos outros. “Em termos de identidade, é muito importante ter um veículo propriamente elétrico, com uma personalidade única, para que os proprietários possam se diferenciar dos outros”, explicou Kumar à Bloomberg. “Eles querem se exibir, assim como o dono de uma Ferrari quer.”

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