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Aceleramos o Jaguar XKR-S

Se você pensar em um Jaguar, certamente a imagem que lhe virá à cabeça será a de um carro com alma aristocrata, daqueles que ficam melhores na porta de uma embaixada inglesa do que em qualquer outro lugar. O motorista deste carro usará, entre seus ornamentos mais marcantes, um terno preto bem-alinhado e, no máximo, um “cap” para reverenciar seu dono a cada vez que abrir a porta traseira para que ele desça.

Essa história de aristocracia, ostentação e um certo pedantismo acabou. Ao menos é o que o Jaguar XKR-S consegue mostrar à primeira vista, não? Sim! Isso porque você ainda nem entrou nele e cutucou seus pedais para ver o que há de melhor nessa máquina de emoções.

Aliás, a linha XK sempre foi o expoente de esportividade na história da marca. Em 1949, o modelo XK 120 foi o carro mais rápido do mundo produzido em série, com velocidade final de 213 km/h. No entanto, os donos de Jaguar se acostumaram a rodar com os sedãs, carros que circulam como se flanassem sobre os jardins de Versalhes. Chegou a hora de estes senhores sentirem o que é prazer em dirigir.

A segunda geração do XKR-S ficou tão nervosa que se tirássemos o logotipo da frente você não o reconheceria. E a nova geração é muito melhor que a primeira, que tinha um motor 4.2 V8 de “apenas” 420 cv. O que pulsa agora sobre o imenso capô dianteiro é um 5.0 V8 com compressor, capaz de gerar 550 cv a 6.000 rpm e produzir estúpidos 69,3 kgfm entre 2.500 e 5.500 rpm. Os números de desempenho atestam os adjetivos: faz de 0 a 100 km/h em meros 4s2 e só para de acelerar a 300 km/h! Assim é o Jaguar mais rápido da história, à exceção do XJ220, um supercarro exótico e de poucas unidades produzidas.

Por fora, as mudanças mais visíveis estão na dianteira, com nova grade, entradas de ar maiores e para-choques. As rodas de 20” têm novo desenho e pintura escurecida. A traseira ganhou um aerofólio da cor do carro e lanternas reestilizadas da versão 2012 do XK. Por dentro, a esportividade e a sofisticação não perderam lugar, só que o clima migrou de um catálogo Louis Vitton para outro nos moldes da Sparco. Apenas o volante, grande demais, não lembra o de um carro esportivo.

Já os bancos dianteiros são mais duros que o normal e as abas laterais prendem seu corpo a cada desvio. Mas não lhe deixam esquecer onde você está. Aquecimento e ajustes elétricos estão por aqui. O painel é forrado com o mesmo couro dos bancos e tem costuras vermelhas, e no console, em vez de um acabamento imitando madeira, há pintura em preto brilhante.

A ignição se dá por um botão e faz cócegas nos ouvidos elevando a palpitação do coração na mesma medida em que as rpm sobem. Um ronco rouco e grave, metálico… Singular. A carroceria foi rebaixada em 1,2 mm e a suspensão trabalha de maneira inteligente, dependendo do percurso e da maneira como você vai dirigi-lo. Quanto mais você acelera e freia de maneira brusca, mais firme ela fica. Assim também é o câmbio, mas você pode selecioná-lo. O câmbio automático de 6 marchas atende bem aos seus comandos, no entanto ele pode trabalhar em modos para rodar na cidade ou em condução esportiva.

O carro custa R$ 620.000, R$ 120.000 a mais que o XKR, top de linha. Por enquanto, nenhum destes rodam no Brasil e as vendas são feitas por encomenda. Não é um carro para puristas da marca, e sim para quem quer mais. É um carro para o sujeito que casa com as mulheres por elas serem lindas e sensuais, e não por serem pontuais à moda inglesa.

XK, um mito de seu tempo

A segunda guerra mundial havia terminado e o aço era raro como ouro. Para fazer carros bons e relativamente baratos, o jeito era usar o alumínio. Esta solução criou um dos carros mais incríveis da história. Com um motor de seis cilindros em linha, 160 cv e 3.4, que evoluiu durante dez anos para ficar pronto, ele veio ao mundo com uma carroceria bem desenhada, leve e com chassi de madeira. O nome de batismo foi XK 120. O número era uma alusão às milhas por hora que podia atingir, algo em torno de 192 km/h. No mesmo ano de 1949, o pequeno carro esporte começou a sua saga para tornar-se uma lenda e cravou 213 km/h, um recorde para automóveis produzidos em série à época. Em 1951, ele ganhou teto rígido e aço estampado na carroceria, mas nunca igualou-se no charme deste primeiro modelo.

Ficha técnica

Motor: 8 cilindros em V. Cilindrada 5.000 cm³. Potência máxima 550 cv a 6.000 rpm. Torque máximo 69,4 mkgf a 2.500 rpm. Alimentação compress. e injeção direta. Velocidade máxima 300 km/h. 0 a 100 km/h 4s4. Combustível gasolina

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