Foto: Renan Senra

 

Volvo XC60 D5 Momentum e Toyota SW4 SRX Diamond originam-se de equações completamente diferentes para disputar o mesmo cliente de SUVs diesel no Brasil. Um vem da elogiada plataforma de veículos leves SPA, que revolucionou a linha de sua marca. O outro segue a fórmula de um SUV à moda antiga: sua base é uma picape amplamente reconhecida pela robustez. Apesar dos conceitos diferirem totalmente, ambos os SUVs acabam inseridos no mesmo contexto de mercado aqui no Brasil.

Matéria originalmente publicada na edição nº 303 (01/2019) da Revista CARRO

A proximidade entre os preços da versão básica do SUV sueco (R$ 275.950) e do topo de linha da marca japonesa fabricado na Argentina (R$ 267.690) os colocam lado a lado na lista de escolhas do principal perfil de consumidor de SUVs diesel: clientes de classe A e B que moram no interior do País, próximos a grandes centros urbanos fora do eixo Rio-São Paulo.

Foto: Renan Senra

 

A motorização diesel é a terceira do SUV médio da Volvo que desembarca no país. O alvo da fabricante sueca é o Land Rover Discovery Sport, que entre as marcas premium estava praticamente sozinho com essa opção de combustível na faixa entre R$ 250.000 e R$ 300.000 (ele só não entrou neste comparativo porque a fabricante não tinha uma unidade disponível para avaliação até o fechamento da reportagem).

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Porém, exatamente nessa fatia de mercado entra o SW4 – que, teoricamente, deveria concorrer com o Chevrolet Trailblazer, baseado na picape S10 e R$ 25 mil mais barato. Mas os números de venda do grandalhão da Toyota são um fenômeno impossível de ignorar: segundo a consultoria JATO Dynamics, mesmo com preço básico de R$ 250.990, o SW4 é o segundo SUV a diesel mais vendido do Brasil, só perdendo para as versões do Jeep Compass com motor Multijet. Entre janeiro e outubro de 2018 foram emplacadas exatas 9.001 unidades a diesel do Toyota SW4. Destas, 1.031 só da versão SRX Diamond, que oferece acabamento interno e externo diferenciados.

Foto: Renan Senra

 

Há revestimento em couro branco nas três fileiras de bancos, nas portas e até no painel. Motorista e passageiro dianteiro receberam sistema de ventilação dos bancos ajustável pelos comandos de climatização – cujo sistema é de quatro zonas – e o sistema de som é da JBL, com subwoofer na tampa do porta-malas. Como assistência ao motorista, traz controle de velocidade de cruzeiro, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de subida, de descida e de reboque, distribuição eletrônica de frenagem e assistência em frenagem de emergência, além de faróis full LED e sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista).

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O XC60 D5 Momentum não tem a terceira fileira de bancos e seu interior é bem mais discreto, mas o espaço no banco traseiro é satisfatório (mesmo 12 cm mais curto no entre-eixos), tem ajuste lombar no banco do motorista, painel de instrumentos totalmente digital e sistema multimídia bem mais avançado – o do Toyota de TV digital, porém sequer é compatível com Android Auto e Apple Car Play. Além disso, o SUV da Volvo não só vem com os mesmos controles de estabilidade, tração e auxílios de frenagem (exceto de reboque) como traz de série controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência na faixa e o sistema semiautônomo “Pilot Assist”, que assume parcialmente o controle do veículo em linha reta e até em curvas de ângulo mais suave em velocidades de até 130 km/h.

Isso sem falar nos recursos de prevenção de acidentes, como os assistentes para mitigação de colisões de pista oposta e saída de estrada, o “City Safety” (que freia ao detectar carros, ciclistas, pedestres ou animais de grande porte no caminho) e os faróis em LED direcionais.

 

Potência, torque e transmissão

Se os pontos fortes dos utilitários a diesel são torque e autonomia, tanto o Volvo quanto o Toyota não decepcionam em nada. O SW4 traz debaixo do capô o mesmo motor D-4D 2.8 de 4 cilindros da Hilux, com turbo de geometria variável e intercooler, que gera 177 cv a 3.400 rpm e 45,9 kgfm de torque a 1.600 rpm. Já o motor do XC60 D5 é mais compacto: 2.0 turbo de 4 cilindros, também com intercooler, capaz de atingir 235 cv a 4.000 rpm e 48,9 kgfm entre 1.750 e 2.250 rpm. É dotado de um sistema chamado PowerPulse, que em rotações abaixo de 2.000 rpm introduz ar comprimido com até 10 bar de pressão no escapamento para impulsionar a turbina do turbocompressor e diminuir o retardo de resposta ao acelerador.

 

Ambos os SUVs são equipados com câmbio automático, de seis (SW4) e oito (XC60) marchas, mas os sistemas de tração são bem diferentes. No Toyota, a tração 4×4 é temporária, com seletor no painel para escolher entre as configurações 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida. O bloqueio do diferencial traseiro pode ser ativado por botão no console central. Já no Volvo, a tração é integral e de distribuição de torque variável, direcionando a força prioritariamente às rodas dianteiras – a potência enviada ao eixo traseiro pode ser de até 50%, variando de acordo com a leitura das condições do piso pela central eletrônica para otimizar a tração.

A média de consumo do Volvo é melhor: 11,8 km/l (10,2 km/l na cidade e 13,7 km/l em rodovia no modo “Eco”) contra 10,9 km/l do Toyota (9,6 km/l em percurso urbano e 12,5 km/l rodoviário, também no modo de condução mais econômico). Porém, o SW4 tem tanque de combustível com capacidade para 80 litros versus 71 litros do XC60, o que faz com que sua autonomia média seja maior: 872 km contra 837 km do SUV sueco.

 

Como é o desempenho dos SUVs diesel?

Nos testes da Revista CARRO na pista da ZF em Limeira/SP, o XC60 D5 foi em média 4s62 mais rápido nas três provas de retomada – sendo que na retomada de 60 a 120 km/h o SW4 chegou a ser 5s31 pior. Na aceleração de zero a 100 km/h, outro abismo de mais de 5 segundos: 8s24 para o Volvo e 13s77 para o Toyota. Isso acontece não só pela diferença de 58 cv entre os motores, mas também pelas concepções de transmissão e suspensão — e este é um trunfo para os dois SUVs deste comparativo, dependendo do percurso diário do cliente.

 

Foto: Renan Senra

 

Com tração integral e modo “Off-Road” de condução, o XC60 está preparado para encarar com desenvoltura pisos de pouca aderência. Entretanto, a escolha dos pneus mostra que o SW4 é quem está mais capacitado para o fora-de-estrada: os do Volvo são Michelin 235/55R19 específicos para SUVs urbanos, enquanto o SW4 usa pneus Bridgestone 265/60R18 de uso misto entre asfalto e terra – os mesmos da picape da qual é derivado. A suspensão e o chassi com origem em um veículo de carga ajudam e transmitem mais confiança em condições adversas de piso mais acidentado. O Toyota também tem vão livre do solo 6,3 cm mais alto (29,9 cm contra 21,6 cm do Volvo) e ângulo de ataque bem mais pronunciado (29 graus versus 23,1 graus do XC60).

Foto: Renan Senra

 

Por outro lado, o XC60 leva larga vantagem no comportamento dinâmico em ruas e rodovias asfaltadas. Ao volante em perímetro urbano, o modelo sueco é ágil e preciso graças ao ótimo câmbio e à direção eletroassistida. Em nada lembra um SUV de 4,68 m de comprimento e 1,65 m de altura: está bem mais para um hatch médio. Já o SW4 (17 cm mais alto e 11 cm mais comprido) é exatamente o contrário: está longe de ser duro e instável em altas velocidades como a Hilux, no entanto, a carroceria se inclina bem mais nas curvas e se movimenta bastante nas freadas e acelerações mais fortes.

Perto da dirigibilidade do moderno Volvo, o Toyota é um SUV diesel de “raiz” com suas qualidades e defeitos, mas um considerável avanço se comparado à picape de origem. Para os apreciadores do estilo mais “caminhãozinho” de condução, é satisfação na certa. Contudo, cabe a quem pretende a compra, antes da escolha final, definir se a prioridade é a robustez nos trechos de terra que ligam sítios, chácaras e fazendas pelo interior ou o conforto nas longas estradas que cortam o país. As equações de SW4 e XC60 possuem expressões parecidas, mas chegam a resultados bem diferentes.

 

Veja a tabela de teste com os números de pista do comparativo Toyota SW4 SRX Diamond x Volvo XC60 D5 Momentum:

Texto: Fernando Lalli / Fotos: Renan Senra

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