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Novo HB20 bate Onix e mira liderança para 2016

Novo Hyundai HB20 mira liderança do Chevrolet Onix

O carro mais vendido no Brasil até outubro foi o Fiat Palio. Porém, o reinado do popular de Betim (MG) não durou muito. Em novembro, o concorrente Chevrolet Onix já conseguiu ultrapassar as vendas acumuladas do rival, que utiliza a mesma estratégia que se aproveitava o Volkswagen Gol (outrora líder): disponível em duas versões totalmente distintas, mas com o mesmo nome. 

Portanto, a atual liderança do Onix pode ser compreendida com mais robustez, uma vez que se trata de apenas um carro (e não um modelo “gourmet” e outro Fire). E quem também sobe consistentemente no ranking da Fenabrave contando com apenas um modelo na categoria, é o Hyundai HB20, que aparece na terceira posição. Agora reestilizado, o modelo de origem sul-coreana enfrenta o líder em um duelo de motores diferentes, mas preços similares. Colocamos lado a lado o Onix LTZ 1.4 (R$ 50.990) e HB20 1.6 Comfort Style (R$ 51.845), ambos com câmbio manual. 

A primeira atualização do Hyundai nacional é oferecida a conta-gotas. Nas versões de entrada Comfort e Comfort Plus, apenas a grade do radiador foi atualizada, junto com os para-choques dianteiros e traseiros levemente modificados. 
O HB20 Comfort Style que aparece nas fotos adiciona as novas lanternas, que mantiveram o formato, mas ganharam elementos internos redesenhados. Ar-condicionado digital, airbags laterais, sistema multimídia com espelhamento de celular, retrovisores rebatíveis eletricamente e faróis reformulados — as maiores novidades visuais do novo HB20 — só aparecem no caro Premium, que parte de R$ 58.445 e vai até R$ 63.535.

As alterações mecânicas ao menos foram democráticas, ainda que restritas ao HB20 1.6. As versões mais fortes agora passam a contar com câmbio manual ou automático de seis marchas.O conjunto elimina uma das maiores deficiências do HB20 automático e melhora ainda mais o manual, que chega com tudo para bater o Onix.

LÍDER ACOMODADO  
O Chevrolet é basicamente o mesmo desde seu lançamento, em 2012. Os motores 1.0 e 1.4 não foram modificados e seguem com uma caixa manual de cinco marchas ou automática de seis. O que explica sua sucessão ao trono é, na verdade, a queda nas vendas de modelos tradicionais, como Gol e Uno. Nenhum deles tem a lista de itens de série e, sobretudo, o espaço do Onix. 

A plataforma GSV do Chevrolet é grande para o padrão dos hatchs compactos. O visual “gordinho” do Onix nas fotos se reflete nos números: são 30 mm a mais no comprimento, 25 mm na largura, 14 mm na altura e 28 mm no entre-eixos.
Focar nos milímetros pode parecer exagerado, mas estamos falando de um segmento de carros pequenos, em que cada detalhe importa. 

Ainda mais porque o Onix LTZ 1.4 tem praticamente os mesmos equipamentos do Hyundai HB20 1.6 Comfort Style, ambos manuais. Direção hidráulica, ar-condicionado, rádio com conexão USB e Bluetooth, vidros, travas e retrovisores elétricos e rodas de liga leve de 15” são iguais na dupla. Mas só o Onix oferece um sistema multimídia com tela sensível ao toque. Ele não oferece espelhamento e não tem GPS nativo, mas é superior ao rádio simples do HB20.

O Chevrolet também sai na frente no quesito preço: por um pacote de equipamentos idêntico ao do HB20, ele custa R$ 855 a menos. E os outros custos, como seguro e IPVA, também são menores no Onix.Desse jeito, não fica difícil entender porque o modelo fabricado em Gravataí (RS) só deve mudar no ano que vem. Até lá, cabe ao HB20 correr atrás do topo da tabela.

E correr (dentro dos limites de avenidas e estradas) é o que o Hyundai faz de melhor. Seu motor 1.6 16V de 128 cv é o mais potente do segmento, destoando dos modestos 106 cv do 1.4 que equipa o Onix. E se antes ele já empolgava, agora, com uma marcha extra, ficou ainda melhor.

 
BAIXINHO INVOCADO
O HB20 é mais potente, leve e tem uma marcha a mais, permitindo o melhor aproveitamento de sua potência. Logo, sua aceleração de 0 a 100 km/h 1s6 mais rápida em nossos testes não é surpresa, assim como retomadas e frenagens mais eficientes — afinal, mais velocidade exige freios mais poderosos. 

A sexta marcha do novo câmbio não será usada com frequência: longa, ela só passa a fazer sentido acima dos 60 km/h. Mas isso beneficiou o consumo de combustível, um dos defeitos do “sedento” Hyundai. Em nossas medições o novo HB20 registrou 12,1 km/l da média rodoviária, ante 11,8 km/l da versão anterior. Pena que a marcha extra não repercutiu no nível de ruído, que acabou sendo 0,5 db maior a 120 km/h no novo HB20.

A cabine do Hyundai só teve alterações no tecido dos bancos. O plástico rígido continua predoninante na cabine, mas sua textura mais suave aumenta a impressão de qualidade. O painel de instrumentos grande e agora com alerta de revisão supera os mostradores mais simples do Onix, inspirado nos paineis de motocicletas.

A Hyundai segue a escola da Fiat ao oferecer mimos que fazem a diferença no dia a dia, como o comando dos vidros elétricos do tipo “um toque”. O porta-malas não tem abertura elétrica, mas dispensa a chave caso o carro já esteja destrancado. No Onix, a tampa só abre com a chave, por meio de botão no console ou pelo controle remoto. É um detalhe que só é levado em conta cada vez que você precisa entrar no carro novamente só para abrir o compartimento de carga.

Não foi dessa vez, porém, que a Hyundai melhorou o posicionamento do comando elétrico dos retrovisores, do lado esquerdo do volante. O mesmo vale para o computador de bordo, cujo controle fica no console, em vez de estar no volante ou junto dele.

O Onix tem acabamento de qualidade equivalente ao HB20, mas com visual mais simples. Os dois porta-objetos ao lado do MyLink são úteis e, como o porta-luvas, são inclinados para dentro. Assim, basta soltar o celular ou a carteira neles que a gravidade se encarrega de levá-los até o fundo. Simples e prático.

Pena que essa praticidade não se repita nos pouco ergonômicos puxadores de porta. A posição deles é mais baixa que a normal, e até você se acostumar, certamente vai acabar acionando algum dos vidros elétricos acidentalmente.

A maior virtude do Onix tem pouco requinte, mas é de grande valia neste segmento: o espaço interno. Como em todo hatch compacto, ele só acomoda quatro adultos com relativo conforto, mas no modelo da General Motors, os passageiros traseiros conseguem manter cabeça e joelhos distantes da forração. 

Essa vantagem — é bom lembrar — se deve aos preciosos milímetros mencionados no início deste comparativo. Essa virtude é essencial na hora de conquistar clientes indecisos no showroom da concessionária. Só que ainda resta o momento do test-drive. E então…

PROBLEMA DE FAMÍLIA
Quando alguém paga mais de R$ 50.000 em um hatch compacto, certamente espera um desempenho superior ao oferecido pelos modelos 1.0. Diante disso, a insistência da GM com o motor 1.4, único deste segmento, é difícil de entender, sobretudo diante do HB20.

Por mais que tenha recebido uma série de melhorias, o SPE/4 ainda mantém a “alma” do motor que equipava o primeiro Corsa nacional de 1994. A distância tecnológica para o 1.6 da Hyundai aparece no comando de válvulas de admissão com fase variável e sistema de pré-aquecimento de etanol no HB20.

O câmbio não tão preciso do Onix também não colabora. Ainda que ele seja correto, não há aquela certeza de que você engatou a marcha certa, algo perceptível na firme alavanca do Hyundai. E a assistência hidráulica do Chevrolet poderia ser maior em baixas velocidades para reduzir o esforço necessário em manobras.

Já o HB20 exagera neste aspecto. Acima dos 100 km/h seu volante fica leve até demais, prejudicando a sensação de segurança. A suspensão é bastante macia e permite que a carroceria role mais que a do Onix nas curvas. Isso deixa o Hyundai confortável ao trafegar sobre o castigado piso brasileiro, mas atrapalha em uma condução mais nervosa, justamente uma das coisas mais agradáveis de fazer com o HB20.

Se recebesse um motor mais forte, como o 1.6 16V do Sonic, o Onix poderia superar o HB20. Até mesmo uma marcha extra no câmbio poderia facilitar a vida do Chevrolet, cuja caixa automática de seis marchas aproveita melhor o desempenho do propulsor 1.4 de 106 cv.

A questão, aqui, não é valorizar o carro “que corre mais”. Mesmo para quem dirige de forma tranquila, o HB20 entrega mais. Sua potência extra exige menos reduções de marcha e elimina sustos e irritações durante ultrapassagens.

Mas não se pode dizer que o Onix é lento. O problema é a referência: enquanto o Chevrolet é bom, o Hyundai é muito bom. Até onde a dupla é igual, o resultado é diferente. Ainda que ambos possuam só dois airbags, o HB20 tirou uma nota melhor nos testes de impacto do LatinNCAP e possui fixação Isofix para cadeirinhas infantis. Infelizmente isso não é algo levado em conta para muita gente, mas deveria ser.

Com desempenho mediano na pista, o Chevrolet dá um show em mercado. Sua liderança este ano é imbatível: são mais de 10.000 unidades de diferença no acumulado em relação ao HB20. A ampla rede de concessionárias e a baixa desvalorização facilitam ainda mais a sua revenda.

Esse cenário pode ser coroado com um resultado inédito para a Chevrolet nos últimos anos: cada vez mais próximo do Palio, o Onix pode se tornar o carro mais vendido do Brasil em 2015. Caso isso ocorra, será a primeira vez que a marca chega ao topo do ranking desde 1986, quando o Monza fechou o ano no primeiro lugar.

Desde então os tempos mudaram, os portos foram reabertos e o mercado segue cada vez mais ávido por novidades. Isso explica as mudanças, ainda que majoritariamente cosméticas, que o Onix receberá no ano que vem.
O visual mais jovial vai deixar o modelo com um quê de Spark (de nova geração) e vem em boa hora. Se não tem um design polêmico como o do Agile, o Onix também não é um carro que atrai muitos olhares na rua.

Não é difícil para o HB20 repetir a vitória deste comparativo no mercado. Com um preço ligeiramente menor e um sistema multimídia que não custe os olhos da cara, ele pode facilmente ser o futuro número um em vendas no Brasil.

DEFEITOS DO ONIX DESTACAM VIRTUDES DO HB20
Os números de mercado na página 104 não deixam dúvida: o Chevrolet Onix é um dos carros mais queridos do Brasil. Mas a presença próxima do HB20 indica que o consumidor não quer apenas espaço interno e uma longa lista de equipamentos. Desempenho, mesmo para quem não gosta de correr, é essencial para impressionar no primeiro contato do consumidor. E não basta ser mais rápido, o HB20 aparenta ser um carro mais bem cuidado, com materiais de textura agradável ao toque e peças bem encaixadas. Só que a Hyundai cobra mais por isso, e é aí que o Onix leva vantagem. A GM tem um ótimo produto nas mãos, e caso opte por soluções caseiras — o motor 1.6 do Sonic seria uma opção —, ela pode virar facilmente o resultado deste duelo.

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