Toyota RAV4 híbrido tem predicados de sobra para movimentar segmento de SUVs médios

Esqueça qualquer conceito que você tenha formado sobre o Toyota RAV4. Este aqui, literalmente, é outro carro. A quinta geração do RAV4, produzida no Japão, é plataforma GA-K, a mesma do sedã Camry, por sua vez uma derivação da plataforma mundial da marca, a TNGA. Vem ao Brasil em duas versões, ambas com motorização híbrida, câmbio CVT, tração integral e um visual imponente e ousado que pouco lembra um Toyota.

As dimensões externas mudaram, segundo a fabricante, para melhorar a estabilidade e espaço interno. Por isso, o SUV ficou meio centímetro mais curto (4,60 metros de comprimento) e 1 cm mais baixo (1,68 m de altura), cresceu 3 cm no entre-ei­xos (2,69 m), 1 cm na largura (1,85 m) e ganhou 1,5 cm a mais no vão livre ao solo (18 cm). Internamen­te, há espaço suficiente para cinco adultos, com destaque para o ganho de 4 cm na largura de porta a porta (1,59 m, contra 1,55 m da geração anterior).

As principais diferenças entre a versão bási­ca, S (R$ 167.990), e a testada, SX (R$ 186.990), são o teto solar panorâmico e o conjunto de re­cursos de direção semiautônoma, que abriga controle de cruzeiro adaptativo, sistema de pré­-colisão frontal (com assistência de frenagem, avisos sonoros e visuais), alerta de mudança de pista com condução assistida (corrige o veículo para mantê-lo na faixa) e faróis altos automáti­cos (alterna a intensidade da iluminação ao de­tectar tráfego próximo). A versão mais equipada também traz borboletas atrás do volante para troca manual das 7 marchas simuladas.

Mesmo a versão básica traz de série recursos de segurança como sete airbags, controle de es­tabilidade e tração, distribuição eletrônica de fre­nagem, assistente de frenagem de emergência, assistência de arranque em subida, controle de reboque e oscilação, faróis em LED, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, freio de estacionamento eletromecânico com atu­ação automática nas paradas, e engates Isofix.

Eficiência de sobra

A porção elétrica do trem de força é formada por três motores. São dois à frente (um deles é gerador para a bateria) que produzem 59,5 cv de potência e 10,3 kgfm de torque. O terceiro motor está posi­cionado para mover as rodas traseiras: gera 54 cv e 12,3 kgfm, e permite que a divisão de força entre os eixos possa variar de 100/0 (dianteiro/traseiro) a até 20/80, de acordo com a demanda. Ainda con­ta com diferencial de bloqueio automático.

O motor a combustão 2.5 4-cilindros de ciclo Atkinson combina injeções direta e indireta e gera 178 cv de potência a 5.700 rpm e 22,5 kgfm de torque a 3.600 rpm. Em seu regime máximo de funcionamento, o conjunto híbrido fornece potên­cia de 222 cv. Com relação peso-potência de 7,8 kg/cv e o torque imediato que os motores elétri­cos podem proporcionar às quatro rodas, o que não falta a este SUV é disposição ao acelerar.

Nos testes da CARRO na pista da ZF em Li­meira (SP) usando o modo “Sport” de condução, o novo Toyota RAV4 Hybrid acelerou de zero a 100 km/h em 8s2. Nas provas de retomada, des­taque para o tempo entre 60 e 120 km/h: 8s cra­vados. Seus números são superiores a quase to­dos os concorrentes em sua faixa de preço – per­de apenas para o Chevrolet Equinox, 40 cv mais potente. Não bastasse, ainda vai muito bem em frenagem: estancou 100 km/h a zero em 37,84 m e, na prova de fading, a diferença entre a melhor e a pior de dez passagens de 100 km/h a zero, com 200 kg de carga, foi de 1,90 m.

Já o consumo de gasolina do RAV4 Hybrid no modo “Eco” não têm paralelo nem mesmo entre outros SUVs híbridos de alta gama: 21,2 km/l na cidade e 17,1 km/l em rodovia – média PECO de 19,4 km/l. Com tanque de 55 litros, sua autono­mia média chega a espantosos 1.067 km. Ain­da há à disposição do RAV4 a configuração de condução “EV mode”, permitindo a propulsão do veículo apenas pelos motores elétricos a até 40 km/h. É possível ao RAV4 percorrer trajetos em perímetro urbano de até 5 km sem gastar uma gota de combustível.

Conforto estradeiro

Apesar da elevação na distância ao solo, todo o trem de força do RAV4 Hybrid foi posicionado o mais baixo possível para abaixar o centro de gravidade. Até o motor elétrico da assistência ao sistema de direção foi posicionado na crema­lheira da caixa ao invés da coluna com o mesmo propósito. O conjunto roda-pneu também está maior (225/60R18) do que na geração anterior, o que contribui não só para uma rodagem mais suave em rodovias como, também, aprimora sua capacidade em transpor terrenos acidentados. Somada à suspensão independente, o resultado é um belo SUV para qualquer percurso, de estra­das vicinais a rodovias, sem rolagem excessiva de carroceria, ótimo ao volante.

Outro destaque é a visibilidade aprimorada. O RAV4 mantém a sensação de grandeza para quem gosta de ver o capô à frente do veículo, ao mesmo tempo em que a visão periférica é ótima, tanto pelos grandes retrovisores quanto pela área envidraçada. Facilita em muito achar uma posição ideal de conduzir. As duas opções de acabamento têm o banco do motorista com regulagem elétrica em seis posições e duas me­mórias – os dois ocupantes dianteiros contam com ventilação nos bancos, enquanto os ocu­pantes traseiros têm saída do ar-condicionado de duas zonas e duas entradas USB para carre­gamento de celulares.

A versão SX acrescenta carregador de ce­lular por indução e abertura e fechamento elé­trico da tampa do porta-malas por sensor de movimento debaixo do para-choque traseiro. O painel tem tela digital de 7 polegadas bastante intuitivo, porém, só é possível mudar o modo do velocímetro de analógico para digital, ou vice­-versa, com o carro parado. Entretanto, o visual moderno da instrumentação contrasta com a central multimídia defasada, que sequer traz na­vegador nativo ou conectividade com celular – é necessário baixar ambos por conta. É o único aspecto negativo deste modelo, que conquista pelo conjunto da obra e mostra que SUVs inte­ligentes e prazerosos ao dirigir podem ser um pouco mais acessíveis.

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