Novo motor 1.0 com 3 cilindros é um dos destaques do novo Ka

A Ford inaugurou nesta quarta-feira (9) a primeira fábrica de motores da empresa no Brasil. Inserida dentro da planta de Camaçari, BA, o complexo é responsável por construir o motor 1.0 tricilíndrico flex que equipará a nova geração do Ka (também a ser produzida no estado nordestino). O evento contou com a presença de autoridades de todas as instâncias governamentais, como o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o Ministro dos Transportes, César Borges, e executivos da Ford, dentre eles o presidente da empresa para a América do Sul, Steven Armstrong.

Com um investimento de R$ 400 milhões, a nova fábrica da Ford produz o motor projetado para equipar o compacto Ka, cuja nova geração começará a ser produzida em Camaçari a partir do segundo semestre deste ano. O propulsor 1.0 Flex, de três cilindros, traz a tecnologia de duplo comando, inédita para a categoria. O sistema é responsável por adequar, conforme a necessidade do condutor, a admissão e escape dos gases gerados a partir da combustão nos cilindros, o que promete ganhos em potência e torque, enquanto se preocupa com o consumo de combustível (dado, este, que ainda está em fase de homologação pelo Inmetro). A novidade também conta com o sistema Easy Start para partida a frio, que dispensa o reservatório de gasolina.

Segundo os dados preliminares da fabricante, o propulsor entrega 85 cv de potência e 10,7 kgfm com etanol. Utilizando gasolina os números caem para 80 cv e 10,2 kgfm. Boa parte do torque já está disponível às 1.000 rpm, enquanto seu pico é atingido aos 4.500 rpm. Para a potência o ápice só é alcançado às 6.500 rpm. Estes números de desempenho colocam o Ford Ka como o mais potente de sua categoria (composta por modelos como Hyundai HB20, VW Up!, Fiat Uno e Chevrolet Celta). 

Ao longo de todas as apresentações sobre o propulsor, a Ford fez questão de frisar o aspecto tecnológico do equipamento. Além dos três cilindros e o comando de válvulas variável, outro aspecto exaltado pelos engenheiros da companhia foi a dimensão compacta do motor, seguindo a estratégia de downsizing. Para fazer com que o bloco “caiba em uma folha A4”, como apontado durante o evento, a Ford utilizou ferro fundido, ao invés de alumínio, como material majoritário.

O alumínio está presente no cabeçote, enquanto o ferro foi escolhido devido a sua maior absorção de ruído e vibração (calcanhar de Aquiles dos motores tricilíndricos em geral), maior contribuição para o aquecimento mais rápido do motor (facilitando o trabalho do Easy Start) e melhor adaptação de espaço para os três cilindros. O coletor de escapamento também foi integrado ao bloco, sem a utilização de juntas ou parafusos, o que agiliza a ação do catalisador e economiza espaço. Outra peça utilizada de maneira inédita é a correia, agora lubrificada, que reduz o nível de ruído e atrito, além de dispensar manutenção ou troca por até 240.000 km. 

Ainda não é possível saber o impacto de toda esta tecnologia no bolso no consumidor. De acordo com os engenheiros da Ford, os custos de manutenção básica estão em fase de estudos.

Sobre a possibilidade de ampliar a gama da nova unidade com a produção da versão Ecoboost do propulsor 1.0 3C, Armstrong não deu garantias de que isto vá ocorrer, mas avisou que a Ford está “preparada para expandir a produção no futuro”. “O que eu tenho certeza é que vamos surpreender o mercado com a qualidade que este novo motor tem. Temos certeza que vai ser o melhor em seu segmento em termos de potência e torque e tenho confiança de que também será em economia de combustível”. A possibilidade de usá-lo em outro modelo da marca também é especulada, mas o mandatário não forneceu nenhuma perspectiva para tanto no momento. 

Ford Ka Concept

A planta tem capacidade para produzir 210.000 motores por ano. Para isso, a unidade conta com 300 empregados diretos e cerca de 40 robôs nas linhas de produção. Ela é a primeira no Brasil a utilizar o processo MQL (Mínima Quantidade de Lubrificantes) em 100% dos centros de usinagem do motor, resultando em uma economia de 50% de água e 80% de óleo e todo o processo de fabricação, além de facilitar o processo de reciclagem, para atender parâmetros sustentáveis. 

De acordo com os executivos da marca, o complexo industrial da Ford em Camaçari é um dos mais “tecnológicos do mundo”, seguindo padrões globais de produção. Segundo John Fleming, vice-presidente executivo de Manufatura Global e Relações Trabalhistas da empresa, “a fábrica de Camaçari faz parte da mais rápida e ambiciosa expansão da manufatura global da Ford nos últimos 50 anos”.

Tal avanço, inclusive, habilita a planta a “ter um portfólio totalmente renovado até o final de 2014, somente com modelos globais”, conforme apontou o presidente da marca para a América do Sul. Contudo, Armstrong se esquivou de confirmar a aposentadoria do Fiesta Rocam (que, por enquanto, continua a ser fabricado na Bahia). 

Sobre a expectativa de mercado para a Ford, Armstrong ressaltou que os primeiros meses do ano apresentaram arrefecimento em vendas e reconheceu que “será um ano desafiador para a empresa”. “Entretanto com a chegada do novo Ka e os desempenhos do Novo Focus e do New Fiesta ainda esperamos bons resultados no Brasil”. 

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