A Anfavea, associação das fabricantes de veículos, divulgou nesta terça-feira (6) o balanço da indústria no mês de setembro. Segundo o relatório da entidade, a produção atingiu a maior queda do ano no período, com retração de 42,1% em relação ao mesmo mês de 2014. Já as vendas tiveram queda de 32,5% na mesma comparação.

Foram produzidas 174,2 mil unidades de automóveis em setembro, o que representa baixa de 19,5% ante ao mês anterior, quando 216,6 mil carros saíram das fábricas. O comércio recuou 3,5% entre um período e outro (200,1 mil contra 207,3 mil licenciamentos).

Anfavea prevê retração de 26,5% na indústria automotiva em 2015

Quando se comparam os números de vendas no acumulado dos nove meses do ano, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, alertou que os índices atuais estão nos mesmos patamares dos atingidos em 2007. Até agora, foram vendidos 1,95 milhão de carros, o total é 22,7% menor do que o obtido em 2014, quando 2,52 milhões de veículos haviam sido entregues até setembro.

NOVAS PERSPECTIVAS
O relatório da Anfavea ainda aponta que as fabricantes estão com, em média, 52 dias de produção em estoque, faltando apenas 62 dias úteis para o término do ano. O desemprego entre agosto e setembro cresceu 0,6%, o equivalente a 800 pessoas, segundo Moan, e outras 7.200 funcionários estão em situação de layoff.

Com este cenário ainda sombrio às portas do último trimestre de 2015, a entidade reavaliou suas previsões para o encerramento do ano e agora espera uma redução de 26,5% no tamanho do mercado brasileiro (bastante superior às expectativas que giravam em 20% no começo do ano).

Quanto às perspectivas para 2016, Moan acredita que a indústria poderá retomar um ritmo de crescimento em relação ao péssimo desempenho deste ano. Perguntado se espera uma nova política de isenção de impostos (especialmente o sobre produtos industrializados, o IPI), o presidente negou, embora defenda que “para cada ponto percentual de imposto a menos, as vendas crescem de 2,5% a 3%”. “Vamos batalhar para tomar medidas que não alterem a postura de ajuste fiscal do governo”, explicou.

Dentre essas medidas em favor do mercado, Moan citou o acordo feito com o Banco do Brasil que liberará R$ 3,1 bilhões para 26 fornecedores da indústria automotiva e de máquinas agrícolas, além do programa de proteção ao emprego, que permite que as empresas reduzam a jornada de trabalho do funcionário e o governo complementa a renda do empregado. Esta última solução, inclusive, é a mais eficaz para o representante das fabricantes. “Medo de perder o emprego é o que mais afeta a confiança para o consumo.”

Outro fator otimista para a entidade é a pujança do mercado de seminovos e usados. Segundo dados da Fenauto, que representa os revendedores de veículos desta categoria, as vendas subiram 4,1% de janeiro a agosto de 2015, em comparação ao mesmo período do ano passado. “Eu acredito na vontade do brasileiro em comprar carro. Se juntarmos novos e usados, nós estamos crescendo em relação a 2014, na verdade”, ressaltou Moan. “Nós temos potencial de comercializar sete milhões de carros nos próximos dez anos.”

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