O jornalista Sergio Quintanilha certa vez escreveu: “Um Porsche é um Porsche é um Porsche”. Poucos entenderam o trocadilho com a famosa frase “Uma rosa é uma rosa é uma rosa”, de Gertrude Stein, escritora e poetisa norte-americana. O sentido seria algo do tipo: “As coisas são o que são”. 

Rodei com um Cayenne V6 durante alguns dias e compreendi que “ele é o que é!” A marca Porsche sempre me pareceu uma religião, com fanáticos seguidores pelo mundo afora. Ao entrar no carro, eu mesma fiquei em silêncio por momentos, analisando tantos comandos, tanto requinte e tanta sofisticação. Deus estaria mesmo nos detalhes? 

Apertei o botão da ignição e seu V6 a gasolina surgiu educado, quieto e elegante! Pisei no acelerador achando que essa versão de entrada (denominada S) teria um desempenho mais decepcionante. Que nada! O motor de 3,6 litros oferece potência de 300 cv, com aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 7s7. Trata-se de uma performance respeitável para um veículo de 2.040 kg. Sua transmissão é Tiptronic S com 8 marchas!

O que você faria ao pegar um carrão desses? Daria uma volta nos Jardins, bairro chique de São Paulo, para se exibir? Iria acelerar em uma rodovia? Como eu avalio automóveis no meu dia-a-dia, fui diretamente ao mercado repor a minha depauperada geladeira. Quando cheguei ao condomínio, “seu” Otacílio, nosso zelador, já deu o seu veredicto: “Dona Isabel, esse carro combina com a senhora”. Ele me vê com tantos modelos diferentes que acabou se tornando um tipo de personal stylist automotivo! 

Pois é, “seu” Otacílio! Concordo, mas falta arrumar R$ 377.000, preço dessa versão de entrada. Vamos dizer que é uma pechincha comparado com o Cayenne V8 biturbo (de 4.8 litros, com 520 cv), que custa R$ 907.000!

Durante o período em que rodei com o Cayenne fui sabatinada com várias questões. Por exemplo: “Você não tem medo de ser assaltada?” Respondi, com sinceridade, que não. Acho que até os bandidos aplaudem ao ver um Porsche passar. Outra pergunta: “O Cayenne realmente resiste a um off-road pesado?” Não cheguei a colocar o carro no barro, mas garanto que ele encara bem um fora-de-estrada. É equipado com a melhor tecnologia para isso, como o sistema Porsche Traction Management, com tração ativa nas quatro rodas.

Parece cena de filme antigo, mas o carro é supermoderno!
No lançamento desta versão, a Porsche reforçou a economia obtida com o veículo. No nosso teste oficial, ele teve uma média de 6,3 km/l na cidade, o que não é tão ruim. Rodei por São Paulo com a função start-stop acionada. Assim, quando parava o carro — num semáforo, por exemplo — o seu motor desligava. Mas, ao colocar a regulagem de condução nas posições mais apimentadas Sport e Sport Plus, a função deixa de funcionar.

A Porsche também chama atenção para a função coasting. Vou tentar explicar: quando se levanta o pé do acelerador, a transmissão Tiptronic S desacopla automaticamente a marcha engrenada, permitindo que o Cayenne siga num tipo de “banguela”. Ao pisar novamente no acelerador ou freio, a transmissão é engrenada na velocidade adequada. Mas vamos dizer que, exceto pelo ponto de vista do meio ambiente, e não pelo aspecto econômico, nenhum proprietário de Porsche deve estar muito preocupado com o consumo do carro!

Levando o Cayenne para um passeio na Vila Madalena

Queria pegar uma estrada, levar o bichinho para a terra, mas não houve tempo para essas atividades nos parcos três dias de avaliação. Assim, resolvi me dar um presente! Em plena quinta-feira, primeiro dia da primavera, fui passear pelos lugares bonitos da nossa metrópole. O dia estava lindo, com um sol maravilhoso. Parei primeiro na praça do Pôr-do-Sol, para fazer umas fotos. A vista é linda! Dá para ver São Paulo do alto! 

Depois, passei na Vila Madalena, tradicional bairro boêmio, com comércio bem ativo também durante o dia. Fui visitar uns amigos que têm um escritório todo grafitado na frente, moderno! Em seguida, almocei no restaurante Santo Grão, dentro da Livraria da Vila, um lugar muito charmoso no Shopping Higienópolis. Lá encontrei a amiga e estilista Fernanda Shammas, que possui um Land Rover. Queria a sua opinião sobre este SUV de luxo. Após o almoço, entreguei a chave para ela dirigir.

As vagas eram bem apertadas, mas a Fernanda tirou de letra. Até porque o Cayenne possui vários recursos, como o ParkAssist, com câmera de ré, mais câmeras de alta definição na dianteira e nos retrovisores externos. Com base nessas imagens dá para ver o Porsche até do alto, no painel. Ela ficou impressionada com o conforto e o acabamento. E comparou o Cayenne a um Chanel: você estará sempre chique!

Minha amiga Fernanda Shammas comparou o Cayenne a Chanel!

Sua cor era azul marinho bem escuro, quase preto. No interior a combinação das cores preto e bege dava um requinte à parte no meu “Chanel” motorizado. Sem falar no acabamento com madeira “raiz de nogueira”, bem escura! Aproveitando que estávamos por perto, fomos até o Iate Clube de Santos, espaço de eventos lindo em Higienópolis, um tipo de ilha verde, com jardins maravilhosos e uma mansão no meio, rodeada de prédios por todos os lados. 

Se for para falar sobre algum ponto desfavorável, esperava mais da conectividade do Cayenne, porque outros automóveis bem mais simples oferecem mais recursos digitais. De qualquer forma, ele tem o Porsche Car Connect com acesso a várias informações do veículo e que permite a conexão com smartphones.

Por dentro é muito requinte, mas conectividade decepciona!
Vamos dizer que naquele dia lindo de primavera o que menos me importava era estar conectada com o mundo. Queria viver o meu “momento Porsche”! Se aprovei a experiência? Claro que sim. Só não gostei de devolver este modelito tão sob medida para mim!

Agradecimento: Iate Clube de Santos

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