Ao comprar um carro, é normal que o consumidor fique com a seguinte dúvida: “Qual é o tempo ideal para ficar com o veículo antes de trocá-lo por um mais novo?”. A tentativa de ter uma resposta se justifica, uma vez que é preciso manter sob controle os gastos essenciais na medida em que o automóvel completa mais um ano de uso. Entre as despesas estão o consumo de combustível – que pode aumentar –, a manutenção cada vez mais periódica e o seguro. 

Mas, segundo especialistas ouvidos pelo CARRO ONLINE, engana-se quem acredita que há um período específico para manter um determinado carro. A resposta é enfática: não existe um limite do tempo de uso do carro. Porém, sua vida útil ilimitada dependerá da manutenção e de uma documentação sempre em ordem.

Na prática, o proprietário poderá ficar com o carro o tempo que achar necessário. Mas é preciso estar sempre atento com os cuidados que ele requer. “Tudo está associado à conservação mecânica, da lataria e de outros itens. Se o dono tiver permanentemente essa preocupação, com certeza ele poderá permanecer muito mais tempo na garagem”, explica Cesar Samos, diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa), que representa as oficinas mecânicas.

Para comprovar sua tese, ele conta que alguns dos seus clientes estão há mais de 20 anos com o mesmo automóvel. “E o carro está em excelente estado de conservação. Pode ser usado com segurança nas ruas e nas estradas”, salienta. No entanto, é natural que o veículo terá necessidade de mais manutenção com o passar do tempo, exigindo maiores gastos.

 Venda do usado

O especialista pondera ainda que os carros usados – tanto os mais antigos quanto os mais novos – podem ser comercializados sem ressalvas. Para isso, o interessado em comprar um veículo nessa condição precisa ficar bastante antenado com o seu estado de conservação. O diretor do Sindirepa afirma que é necessário analisar, sobretudo, alguns itens na hora da compra.

Nesta relação, destacam-se a parte mecânica, o sistema eletrônico e a caixa de câmbio. Esta última, aliás, costuma apresentar sérios problemas. “Em muitos casos, a pessoa não presta atenção nos detalhes e costuma ter um prejuízo muito maior”, analisa.

O cuidado com a manutenção ajuda a deixar seu carro mais valorizado

Possíveis transtornos

Por outro lado, ficar com um automóvel muito antigo pode representar um grande problema. Na avaliação da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), eventualmente pode acontecer a falta ou a dificuldade de se encontrar peças originais ou adequadas para a substituição durante uma manutenção. Essa situação pode gerar despesas ainda maiores para o dono.

Outro transtorno que é possível acontecer para quem tem um automóvel mais antigo é o fato de o seguro ficar mais caro a cada ano. A Fenauto destaca que isso ocorre porque as seguradoras levam em questão a análise de risco. Segundo a entidade, a lógica delas é simples: à medida que um veículo sofre algum tipo de dano, em muitos casos, as peças novas originais saem mais caras em relação ao preço do próprio veículo se tiver muitos anos de uso. 

Jovens, maduros e velhinhos

Os automóveis usados ou seminovos estão subdivididos em quatro categorias, de acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). A classificação é feita de acordo com o tempo em circulação, calculada a partir do ano de fabricação do automóvel. Só entre janeiro e agosto deste ano, o segmento negociou 8.471.615 unidades. Os carros considerados seminovos são aqueles com até três anos de uso. Só nas revendedoras do país, foram comercializados 1.851.236 unidades com essas características, segundo a entidade. O total representa 21,85% do mercado no período.

Os automóveis com idades entre quatro e oito anos são classificados como usados jovens. Esse segmento conta com a maior participação de vendas nos oito primeiros meses do ano. A categoria vendeu 39,54% do total, movimentando 3.349.469 veículos nas revendedoras.

Já os usados maduros apresentam tempo de circulação que variam de nove a 12 anos nas ruas e estradas brasileiras. De janeiro a agosto, os estabelecimentos comercializaram 1.133.017 unidades nessa condição, o que corresponde a 13,37% de presença no mercado. É a categoria que menos tem participação, conforme o levantamento da Fenauto.

Já os modelos com 13 anos de uso ou mais são chamados de velhinhos. A categoria registrou 2.137.893 unidades vendidas no período. Dessa forma, fica em segundo lugar no ranking da Fenauto entre os seminovos e usados, com participação de 25,24%. Agora é só escolher qual categoria você pretende comprar e fazer bom negócio. 

Confira dicas para deixar seu carro em ordem

Conservação: mantenha o carro sempre impecável, porque um eventual interessado pode desvalorizá-lo se ele tiver algum tipo de imperfeição.

Equipamentos não originais: procure deixá-lo o mais original possível. Evite colocá-lo à venda com equipamentos e incrementos não originais, como envelopamento da carroceria, pneus não originais, entre outros itens. Quanto mais original o veículo estiver, mais valorizado será.

Customizações: o mesmo conselho serve para quem customizou seu automóvel. Se quiser obter um valor maior e conseguir uma venda mais rápida, tire todas as customizações que você realizou nele. Os veículos que possuem engates, rodas grandes e outros adereços normalmente demoram mais para vender.

Interior: o interior do seminovo deve estar sempre bem conservado. Os estofamentos, especialmente os de couro, não podem mostrar ressecamento. Portanto, não basta cuidar bem apenas do lado de fora.

Reparos: para pequenos riscos na pintura, o melhor mesmo é deixar por conta do comprador. Normalmente as revendas já têm parcerias com funilarias e podem fazer isso sem problemas.

Revisões: para quem comprou um carro novo, ou se ele ainda estiver no período de garantia do fabricante, apresente o Manual do Proprietário, no qual devem constar os carimbos de todas as revisões obrigatórias nas concessionárias. Ter o livreto e a chave reserva também são diferenciais importantes que valorizam a venda.

Comprovantes: sempre guarde os comprovantes das manutenções que fez em seu automóvel. Quanto mais comprovantes tiver, mais segurança oferecerá ao futuro comprador. Assim, você pode pedir um preço maior no momento da compra.

Acessórios: se você incrementou a versão original do seu carro com alguns itens de conforto, como vidros ou travas elétricas, é interessante mantê-los para diferenciá-lo da grande quantidade de veículos que são oferecidos às revendas todos os dias. 

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