Ford Escort Ghia 1986 ganha placa preta e não fica parado na garagem. Até para fora do país ele já viajou

Texto: Rafael Poci Dea

Fotos: Saulo Mazzoli

Há quem tenha um carro antigo na garagem para só participar de eventos. Outros curtem guiar o seu clássico regularmente. É o caso do comerciante Rodrigo Fernandez do Amaral, cujo Ford Escort Ghia 1986/1986 tem muita história para contar, com viagens para o Rio de Janeiro, Curitiba e até Uruguai. “Achei-o no encontro do Sambódromo do Anhembi (SP). Fiz uma proposta, mas o ex-dono não aceitou. Passado um ano e meio ele continuava à venda. Desta vez, negócio concluído”, relembra.

A terceira geração do Escort (MK3) chegou ao Brasil em 1983, porém, ele já era vendido na Europa desde 1968. O visual seguia o do europeu. “Faltavam os frisos laterais e do capô, assim como estava com as calotas do Escort Hobby (feito até 1996, tinha motores 1.0 ou 1.6 e, posteriormente, foi substituído pelo Ford Fiesta). São itens muito difíceis de encontrar, mas consegui graças à ajuda dos amigos”, diz. Os emblemas Ghia (configuração de luxo) nos para-lamas são originais.

Essa unidade possui os opcionais de teto solar e ar-condicionado. A cabine ostenta detalhe de madeira nas laterais de portas, vidros elétricos, porta-fitas e o volante original foi trocado por um novo para melhorar a estética. Todo o esforço foi recompensado com a placa preta.

O motor transversal 1.6 CHT (Compound High Turbulence ou câmara de alta turbulência) de 1.555 cm³ é dotado de carburador de corpo duplo, movido a álcool, e oferece 73 cv a 5.200 rpm e 11,9 kgfm a 3.600 rpm. Segundo o manual do proprietário, nas versões Ghia e XR3, as trocas de óleo (Motorcraft 20W40) e filtro ocorriam a cada 10.000 km. “A parte mecânica ganhou uma manutenção básica”, diz. O câmbio manual tem cinco marchas sincronizadas à frente, enquanto os freios utilizam discos na dianteira e tambor no eixo traseiro.

A confiabilidade resultou em uma viagem de passeio de 4.000 km na companhia do amigo Ivo saindo de São Paulo, passando pelos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, cruzando a fronteira até a cidade de Melo, no Uruguai, para participar do encontro Fierros Viejos Motor Club, o qual acontece há 12 anos e organizado por Pablo Jackson em parceria com o Miura Clube Gaúcho e Antigos. “O presidente Zacarias “Zaca” Balbi sempre comentou desse evento. Nós vamos pelas pessoas, pois é uma reunião de amigos.

Participo de alguns grupos, como o Escort Clube, o Escort Clube Uruguaio e o Flashback Automotivo”, destaca. Na ida, um problema no regulador de voltagem em Gramado/RS foi solucionado em um posto de combustível. “O espírito do carro antigo faz as pessoas se ajudarem”, diz. Já no retorno a São Paulo, o semieixo soltou. “Nós consertamos na estrada”, conta. Foram dois pequenos empecilhos comparados às situações enfrentadas. “Foram 110 km de estrada de terra e até cruzei um rio com a água na altura da roda. Pegamos temperaturas negativas e a partida a frio funcionou perfeitamente”, diz. A média de consumo com álcool ficou na casa de 11,8 km/l. “Na bagagem vieram compras, lembranças e até dois para-brisas de Miura. Em 2019, vamos repetir a dose”, finaliza.

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