Um coadjuvante entre os esportivos e o sonho de um entusiasta da marca
A melhor forma de amenizar o calor dentro de um carro é ligar o ar-condicionado. Hoje, isso é tão comum, que é raridade achar algum modelo que saia de fábrica sem o sistema. Para ser mais preciso, no Brasil, apenas sete carros novos saem de linha sem ar-condicionado de série. A Fiat é a marca que tem mais representantes, com três: Mobi Easy, Strada Working e Fiorino Evo. Além deles, dois da Renault: Kwid Life e Oroch Express. O Volkswagen Saveiro Robust e Chevrolet Montana LS completam a lista.
Agora vamos viajar para a década de 1980. Naquela época, ar-condicionado era raro em modelos brasileiros. Em estados com temperaturas anuais mais elevadas, era mais comum automóveis equipados com ar-condicionado, por atenderem às necessidades de mercado local.
Há 30 anos, por exemplo, a diferença de temperatura entre Brasília e São Paulo era maior do que atualmente. Em 2019, a capital paulista registrou média das temperaturas máximas de 31,8 °C em janeiro, o que representa uma diferença bem grande para a média histórica da cidade, que é 28,2°C. Já em Brasília, a média do mesmo período foi de 28,6°C, e historicamente, a capital do país tem quase 2°C a mais do que São Paulo nesta medição. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Partindo desta lógica, se quiser achar um carro de décadas atrás com ar-condicionado, é mais fácil procurar nas regiões mais quentes do Brasil, como Centro-Oeste, Norte e Nordeste. E foi isso que o Thomaz Angelo fez, e achou um Fiat Uno 1.5R, seu sonho de infância, do jeito que ele sempre quis, quase mil quilômetros de distância de sua casa.
“Eu sempre fui fissurado pela linha Fiat! Vem de família. Meu pai, em 1990, foi comprar uma Fiorino para trabalhar e tinha um Uno 1.6R amarelo. Eu e meu pai ficamos loucos para comprar, mas acabamos comprando um Elba CSL, por conta do espaço para a família. E aquele carro sempre ficou na minha cabeça”, conta Thomaz.
O entusiasta da marca italiana conta que demorou muito tempo para conseguir achar o modelo Uno 1.5R, que era realmente a motorização que ele queria. As principais marcas do Brasil nos anos de 1980, Fiat, Ford, Chevrolet e Volkswagen lançaram modelos esportivos no final de década e no começo dos anos de 1990, que viraram o sonho de consumo daquela geração.
“Todo mundo queria o Volkswagen Gol GTI, um Chevrolet Kadett GSI ou um Ford Escort Escort XR3. Eu não, eu queria o Uno 1.5R de qualquer jeito. Sempre gostei do diferente, de sair um pouco da caixinha. E o Uno na arrancada não tinha para ninguém, pelo menos nos primeiros metros”, comenta em tom de brincadeira.
O motivo dessa arrancada era por conta do peso. Entre todos os citados, ele é de longe o mais leve, com 920 kg, depois vem o GTI com 997 kg. Então, ele saia na frente, mas logo ficava para trás.
O Fiat Uno chegou ao Brasil em 1984, e quatro anos depois, veio a versão R. Faixas laterais, cintos de segurança vermelhos, bancos em xadrez, também avermelhados, detalhes exclusivos no volante e a tampa traseira pintada de preto deram um visual esportivo ao compacto. Seu motor 1.5 litro gerava 86 cv de potência e 12,9 kgfm de torque – as outras versões do mercado, S e CS, tinham 52 e 58 cv, respectivamente.
Ele fala que foi muito difícil encontrar o modelo original do jeito que queria, e que tivesse ar-condicionado. “Todos os que eu encontrava em São Paulo estavam muito mexidos ou acabados. Só consegui achar do jeito que eu queria em Brasília, depois de muito tempo pesquisando. Só que eu queria amarelo e o que encontrei, com ar, era preto. Mas sabe o que eu descobri? Que o preto é o mais raro de todos”, ressalta.
Na época do lançamento, as cores mais cobiçadas eram: amarelo e vermelho. O motivo? A traseira era em preto fosco. Portanto, pela procura dos outros, com a carroceria preta quase não saiu, o que acabou virando raridade de achar. Além disso, a traseira do preto tem o diferencial de não ser fosca.
Thomaz conta que o grau de originalidade do carro estava bom, mas ficou muito tempo parado, sob o sol escaldante de Brasília e algumas peças ficaram desgastadas e as lanternas queimaram. “Pelo modelo estar virando um clássico, achar algumas coisas fica bem difícil, mas ele está praticamente todo original”, diz.
“Você venderia ele?”, pergunto. “Eu já tive muitos modelos da Fiat, ainda tenho um Tempra e um Classic. Mas se vendo o 1.5R? Jamais, tem um valor muito simbólico para mim este carro, lembro da infância. Há pouco tempo vendi um Marea, que levei anos para deixar do jeito que eu queria, me arrependo profundamente. Então, nem passa pela cabeça vendê-lo”, responde.
“O Uno estava com 160 mil quilômetros, agora está com 189 mil. Eu comprei em 2015 e rodo bastante com ele. Sabe por quê? Porque carro parado não conta história”, conclui Thomaz.
Alguem sabe onde ENCONTRO OS MILHAS E A LENTE DO 1.6R ANO 91…
Bom dia amigo. Tenho um Uno também nesta mesma configuração. Você ainda tem contato deste mecanico Mão Santa ? Ele colocou o reparo do corcel dentro da carcaça da valvula termostatica do uno ? Agradeceria muito se me respondesse.
Bom dia.
Eu tive um UNO 1.5 R, motor argentino, preto, faixas laterais vermelhas, andava muito
Um show de carro, bonito, esperto, valente para a época.
Movido a Etanol (apenas Álcool à época), como era fabricado para clima frio, vieram os problemas.
Para partida, era um problema sério. Demora a partir, aquecer e depois fervia. Gastei quase o valor do carro com oficinas e Válvula Termostáticas .
Um dia voltava oficina, um motorista de taxi me deu a dica de um mecânico de Bairro de B. Horizonte, apelido Mão Santa. Contei o problema ele sorriu. Fácil. Tirou a válvula termostática, importada da Argentina, novinha, foi ao almoxarifado, trouxe uma peça em bronze, parecida com bico de mangueira. Era a Termostática do Ford Corcel II. Tirou aquela original enorme, enfiou a outra pequena dentro da mangueira, fixou com uma braçadeira, mandou eu ir e testar por um mês. Uma semana depois voltei e paguei, comprei a paz e recuperei o amor pelo Valente.
Registro: O mecânico Mão Santa fora integrante de equipe de Fórmula 1. Sabia/sabe muito.
Abraços!
Bom dia.
Caro Adriano, indico você colocar injeção eletronica programavel.
Fueltech
Boa noite, eu tenho um uno 1.6R motor argentino que está com problema no carburador já é a terceira vez, só que agora ficou difícil e caro pra arrumar, tem alguma dica pra solucionar o problema. Desde de já obrigado.