Colocamos os dois hatches aventureiros mais baratos do mercado frente a frente

Em meio à febre dos SUVs, que já corres­pondem a 25,4% do total de vendas do mercado nacional, apenas os hatches com­pactos têm maior representatividade, com 33,8%, e contam com sete representantes no ranking total dos dez mais vendidos do Brasil até o final do primeiro semestre. Porém, há um fe­nômeno que pode preencher essas duas catego­rias e virar uma opção intermediária para o com­prador: os hatches aventureiros.

Quando a pessoa não pode investir em um SUV, a primeira opção, na maioria dos casos, são os hatches aventureiros, que preenchem es­sa lacuna, com suas suspensões elevadas e seus itens visuais. É impressionante como essas versões caíram no gosto do brasileiro desde o primeiro lançamento, há 20 anos, da Fiat Palio Weekend Adventure, que na época custava R$ 27 mil. Neste caso, era uma perua, mas a conso­lidação veio nos hatches compactos.

Pensando nisso, colocamos frente a frente dois aventureiros com preços na faixa dos R$ 60 mil, o Fiat Argo Trekking 1.3, que custa R$ 59.990, e o Ford Ka Freestyle 1.0, com preço de R$ 56.690. Os dois modelos foram lançados re­centemente, o Trekking chegou no final de abril, enquanto o FreeStyle surgiu no final de maio. No fechamento do primeiro semestre, o Ford Ka ocupa a terceira posição no ranking geral, com 50.647 emplacamentos, enquanto o Argo ocupa a sétima, com 36.211.

O Argo Trekking herdou o conjunto mecânico da versão Drive 1.3, trazendo o mesmo motor 1.3 Firefly de 109 cv de potência a 6.250 rpm, e 14,2 kgfm de torque a 3.500 rpm, com etanol no tan­que, e câmbio manual de 5 marchas.

Como todo bom aventureiro, a versão Trek­king traz muitas mudanças visuais e detalhes em preto, exclusivos da versão. A dianteira tem ade­sivo preto no capô, logo preto na grade e luzes de assinatura em LED. As laterais têm faixas de­corativas, adesivo com o logotipo “Trekking”, saias, moldura das rodas e carcaças dos retrovi­sores pretos, e rodas de 15 polegadas com pneus 205/60R15 de uso misto. A traseira rece­beu uma faixa decorativa na parte inferior da tampa do porta-malas, o logotipo da Fiat e o no­me Argo são em preto. Possui também o adesivo com o nome “Trekking”, defletor preto, escapa­mento da versão HGT e aplique plástico no para­-choque. O teto vem de série com adesivo preto e barras da mesma cor.

 

No interior, a cabine é toda em cinza escuro, com exceção do teto, que é preto, e os bancos de tecido têm costura laranja e “Trekking” borda­do. A tela da central multimídia de 7 polegadas, têm espelhamento para Apple CarPlay e Android Auto. As saídas de ar são cromadas, e, assim co­mo externamente, o volante também tem o logo­tipo da Fiat em preto.

Como opcionais, a Fiat oferece dois itens: ro­das de liga leve aro 15, por R$ 1.590, e câmera de ré, por R$ 700, elevando o preço final do carro para R$ 63.080.

Do outro lado, o Ka FreeStyle 1.0 é baseado na versão SE Plus, dotado do motor 1.0 Ti-VCT, capaz de entregar 85 cv de potência a 6.500 rpm e 10,7 kgfm de torque a 4.500 rpm, com etanol no tanque, e câmbio manual de 5 marchas.

Visualmente, a versão FreeStyle1.0 é mais discreta que seu rival. O modelo tem molduras de plástico preto nos arcos dos para-lamas e nas saias laterais, os para-choques têm apliques pra­teados, as carcaças dos espelhos são pretas, o teto tem rack, e as rodas de 15 polegadas são de liga leve pneus com 185/60R15. Visualmente, a versão FreeStyle 1.0 é mais discreta que seu ri­val. O modelo tem molduras de plástico preto nas caixas de rodas e nas saias laterais, os para­-choques têm apliques prateados, as capas dos espelhos são pretas e o teto tem rack, as rodas de 15 polegadas são de liga leve pneus 185/60R15.

No interior, a versão traz teto preto, painel e detalhes nas laterais em marrom escuro, bancos revestidos em couro e tecido, com duas faixas em tom mais claro centralizadas, tela flutuante de 7 polegadas da central multimídia SYNC 2.5, compatível com Apple CarPlay e Android Auto.

Em medidas, o Argo Trekking é superior em todas. O comprimento é de 3.998 mm (3.954 mm), largura de 1.724 mm (1.695 mm), altura de 1.568 mm (1.564 mm), distância entre-eixos, 2.521 mm (2.491 mm) e porta–malas de 300 litros (257 litros). Porém, o Argo aventureiro é quase 50 kg mais pesado, 1.130 kg contra 1.081 do FreeStyle.  

De série, os dois trazem como destaque dire­ção eletroassistida com ajuste de altura do volan­te, bem como a do banco do motorista, ar-condi­cionado, vidros e travas elétricas nas quatro por­tas, retrovisores com ajuste elétrico, sensor de estacionamento traseiro, e faróis de neblina.

Porém, o FreeStyle, mesmo custando menos, traz recursos importantes que não são ofereci­dos no Trekking, como controles de estabilidade e tração, além de assistente de partida em rampa e do já mencionado banco com couro parcial. Em contrapartida, o Trekking tem alarme antifurto perimétrico, monitoramento de pressão dos pneus e tem o opcional de câmera de ré, que não há sequer como opção para o Ford.

Em relação à versão Drive 1.3, o aventureiro ganhou significantes 40 mm de elevação da altu­ra de rodagem, sendo 22 mm dos pneus de uso misto e 18 mm das novas molas e amortecedo­res. Comparando as duas versões, o vão livre do solo foi de 170 mm, para 210 mm. Já no caso do Ford, a elevação da altura de rodagem foi de 19 mm, passando de 169 mm para 188 mm, ou se­ja, mesmo tendo acréscimo maior, o FreeStyle ainda é 22 mm mais perto do solo que o Trek­king.

Na prática

Levamos os dois modelos para o Campo de Pro­vas da ZF em Limeira (SP) para ver o desempe­nho deles. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o Trekking atingiu a marca de 11s9, enquanto o FreeStyle demorou mais de 2 s para fazer o mes­mo, registrando em 14s2. Na aceleração de 0 a 120 km/h, a vantagem do Fiat é de praticamente 5 segundos, realizando a marca em 17s4 contra 21s3 do Ford. Mas, o que chamou mesmo a atenção foi a aceleração de 0 a 140 km/h, na qual a diferença ficou em mais de 10 segundos. Isso mesmo: o Argo atingiu a marca em 24s8, enquanto o Ka fez o mesmo em 34s9.

Nos testes de retomadas, nenhuma surpresa. O Argo Trekking também levou larga vantagem sobre o seu concorrente. Na retomada de 40 a 100 km/h, o modelo da marca italiana gastou 10s9, ante 15s4 do Ford. Os 10 segundos voltam a quase aparecer na aceleração de 60 a 120 km/h, com marcas de 16s7 e 25s8, respectiva­mente.

O cenário muda totalmente nos testes de fre­nagem, em que a vantagem foi do FreeStyle em todas as medições. Vindo a 100 km/h, por exem­plo, ele percorreu 39 m para parar totalmente. Já o Trekking precisou de 43,4 m.

Nas medições de consumo, o motor 1.0 e quase 50 kg a menos favoreceram o Ford Ka FreeStyle, que registrou 9,5 km/l em ciclo ur­bano e 12 km/l em ciclo rodoviário. As respec­tivas marcas do Fiat Argo Trekking foram de 8,6 km/l e 10,3 km/l.

Os dois modelos fazem curva com segu­rança e sem dar sustos com aquela sensação de querer “escapar da pista”, evidenciando o bom trabalho de engenharia de manter boas características de dirigibilidade e estabilidade apesar do grande aumento da altura de roda­gem nos dois casos. O controle de estabilida­de, existente apenas no FreeStyle, cumpriu bem seu trabalho quando requisitado, manten­do as trajetórias determinadas; o Ford tem con­trole de tração também.

Um detalhe incômodo, que muitas vezes po­de até passar despercebido em um teste, é o funcionamento do motor do elevador de vidro. No da Ford, tipo um-toque tanto para subir quanto para descer, a velocidade de acionamen­to é tão alta que fica difícil controlar uma altura intermediária. Já no Trekking a velocidade é me­nor e permite controlar a abertura ou fechamen­to dos vidros sem muita dificuldade para parar na altura desejada.

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