Na sua unidade de Sumaré (SP), a Honda fabrica carros com vento. Não, não se trata daquele túnel de vento usado pela turma do design para definir linhas que vão dar ao carro uma aerodinâmica perto do ideal. Este vento da Honda é aquele natural, que sopra lá em Xangri-lá, no litoral do Rio Grande do Sul, e faz girar as hélices dos aerogeradores que, por sua vez, transformam o vento em energia elétrica e movem as máquinas no interior de São Paulo. Toda a fábrica da marca em Sumaré é movida pela energia gerada no parque eólico gaúcho, com nove torres, ao longo de 2,5 quilômetros. 

Eigi Miyakuchi posa à frente do parque eólico da Honda em Xangri-lá

Vocês sabem como funciona, não é? A energia gerada lá no Sul não é mesma aproveitada em Sumaré. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regula a produção de energia gereada em Xangri-lá para realizar a compensação energética da fábrica em Sumaré, que consome o montante de energia equivalente ao produzido pelo parque eólico no Sul. Por isso podemos dizer que são os ventos do sul que produzem o Fit, o Civic, o HR-V e o City. Os demais produtos comercializados no Brasil – Civic Si, CR-V e Accord – são importados.

E como conta Eigi Miyakuchi, presidente da Honda Energy (e vice-presidente da Honda no Brasil), a ideia deste parque eólico da Honda surgiu quando o presidente mundial da empresa, reunindo todos os seus executivos internacionais, determinou que, até 2020, todas as unidades da Honda no mundo deveriam reduzir a emissão de carbono (CO²) na atmosfera em 30%.

Parque eólico da Honda gera 7 mega watts por segundo de eletricidade

Então, o pessoal que trata das questões ambientais da Honda Brasil iniciou estudos para atingir o objetivo determinado. Pensou-se em várias matrizes energéticas, como a eólica, solar e outras. Optou-se pela eólica para cumprir a meta, acrescentou Miyakuchi. Em 2011 o projeto foi apresentado. Em 2012 veio a aprovação da sede e no ano seguinte foi criada a Honda Energy. Não se perdeu tempo e, com a velocidade de um bom vento, iniciou-se a construção do parque eólico que já está produzindo, em Xangri-lá, a 100 km de Porto Alegre, toda a energia que Sumaré precisa para operar sua produção.

O parque utiliza equipamentos produzidos na Dinamarca, EUA e China, com torres metálicas com altura de 94 m e pás de 56 m de comprimento. O nome do projeto é Shizen-E, que significa natureza, ou natural, no idioma japonês. Então, entre nós, no idioma de Camões, o projeto virou Energia Natural.

Energia produzida no sul abastece a fábrica da Honda em Sumaré (SP)

FAZENDO ESCOLA
O parque eólico da Honda foi implantado em uma área do litoral gaúcho que produz o chamado vento de qualidade, com velocidade de 30 km/h, gerando 7 mega watts por segundo, o que permite o funcionamento de toda a fábrica de Sumaré, desde a máquina do café nos corredores até a prensa de onde saem os estampados da linha Honda. As nove torres têm pás que mudam de posição quando o vento esta mais forte ou mais fraco para que ele seja linear. As pás não podem girar acima de uma volta a cada cinco segundos.

Para receber a energia gerada pela Honda, a Eletrosul instalou uma subestação junto ao parque eólico da montadora que agora é procurada por várias empresas interessadas em comprar sua produção ali. Foi procurada, por exemplo, pela Renner, com uma rede de 254 lojas no Brasil, que juntas consomem mais que a fábrica de Sumaré. Com a paciência e gentileza oriental, a marca japonesa está dando suporte à rede de magazines, para que ela crie seu próprio parque.

Empresa presta assessoria para outros interessados em energia eólica

“Não temos cunho comercial”, afirma Eigi Miyakuchi, “mas sim o objetivo de fazer com que a sociedade nos encare com simpatia nossa intenção de oferecer um ambiente menos poluído, para o bem de todos. Já deixamos de emitir 12 mil toneladas de CO² e temos certeza de que antes de 2020 cumpriremos a meta estabelecida pela nossa matriz no Japão.”

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