Ferrari 488 GTB
O cliente da Ferrari é um tanto ingrato. Afinal, os engenheiros da Casa de Maranello há décadas desenvolvem o som característico dos motores de aspiração natural da marca, para que eles produzam verdadeiras “sinfonias metálicas” e nas pesquisas de satisfação o que o consumidor indica como grande desejo? Um sistema de áudio melhor! 

Mas, como diz o ditado, “o cliente sempre tem razão”, e agora ele tem um belo equipamento de 1.280 W à disposição na nova máquina para ouvir a trilha sonora que desejar. Felizmente, ainda existe quem prefira manter o tal som desligado e apreciar a música produzida pelo motor V8 de 3,9 litros turbo, capaz de gerar 670 cv e 77,5 mkgf. Mas é preciso ter cuidado, pois o som que emana desse propulsor pode ensurdecer. 

Modelo estreia o motor 4.0 biturbo

Mas, calma, apesar dos números, a nova máquina não é uma fera bestial. Ao contrário, se o ponteiro do conta-giros não ultrapassar as 3.000 rpm, o carro se comporta de maneira tranquila, proporcionando uma condução suave e até relativamente confortável.

Ferrari voadora

A partir daí, porém, a personalidade do modelo se transforma e do duplo escapamento passa a ecoar um som intimidador, que se torna inebriante à medida em que o carro ganhar velocidade. O câmbio robotizado de dupla embreagem F1-Trac, de 7 marchas, trabalha de maneira precisa e usufrui do já mencionado generoso torque. 

O 488 é 10 kg mais leve que sua antecessora 458 Itália

As belas e imponentes rodas de 20”, porém, nos lembrarm que não estamos em um autódromo, mas sim no norte da Itália, região da Emilia-Romagna, onde o asfalto requer atenção, não somente por conta das rodas, como também da suspensão com amortecedores adaptativos. Por dentro, os bancos são confortáveis, mas destacam-se mesmo pelo apoio lateral, como constataremos mais tarde.

Seguimos viagem e vamos nos familiarizando com a máquina. O quadro de instrumentos parece simples, mas é só impressão. O conta-giros, no centro, se destaca e é muito fácil de ser consultado, como manda o figurino. Já nos mostradores à esquerda e à direita, diversas informações podem ser conferidas. Se o controle de estabilidade está acionado, nível de combustível, distância percorrida, nível de corrente elétrica e, claro, até o sistema de infoentretenimento, com o badalado equipamento de áudio – que pode ser exuberante e fornecer um som excelente, mas custa uma bela quantia adicional.

Difusor e aerofólio garantem maior apoio aerodinâmico

Chegamos, por fim, à pista de testes, onde poderemos acelerar à vontade. Logo de cara, o turbo de dupla voluta – que, segundo a fábrica, é 21% mais eficiente que o usado na California T – impressiona, assim como o câmbio, que exibe respostas muito rápidas. 

As surpresas não param: a aerodinâmica também merece aplausos. Graças ao trabalho dos projetistas, o downforce em altas velocidades é 50% maior que na 458 Italia, a sua antecessora. Além disso, a 488 traz um controle de estabilidade aprimorado, mais eficiente, porém, mais permissivo. Há também o já famoso manettino, seletor no volante pelo qual se ajusta o carro às condições desejadas. 

As dimensões são as mesmas da 458 Itália

Selecionamos o modo Race e o carro fica ainda mais “nervoso”, com a suspensão mais dura e as respostas ao volante mais sensíveis. Pisamos com vontade no acelerador e a 488 dispara. Em cerca de 3s já estamos a 100 km/h e em 8s3 alcançamos os 200 km/h. Como referência, a 458 precisava de 3s4 e 10s4 para atingir as mesmas marcas. Alguém aí ainda sente saudades do motor de aspiração natural? Aqui não.

Ao chegar a uma curva, os freios entram em ação, a carroceria se inclina com precisão milimétrica, reduzimos as marchas e o ponteiro do conta-giros trabalha furiosamente. Os freios cerâmicos parecem não ter limites e inspiram muita confiança, mas é preciso pisar com vontade para acioná-los. A direção, em compensação, é muito sensível, exigindo suavidade nas manobras.

Cabine tem estilo minimalista e possui requinte de sobra

É hora, então, de tentar explorar os limites da fera. Provocamos a máquina no meio de uma curva de raio maior e a traseira desliza suavemente, permitindo o clássico balé com as rodas traseiras queimando o asfalto. Um espetáculo nem um pouco eficiente, mas sempre bonito de ver. 

Notamos, então, que a faixa vermelha do conta-giros agora está a 8.000 rpm, e não mais a 9.000 rpm, como é característico dos motores turbo. Por conta disso, talvez esse seja o único senão da nova Ferrari. Falta-lhe o comportamento mais “escandaloso” que só um V8 de aspiração natural consegue. Talvez a culpa seja de quem se preocupa mais com o som do rádio.  

Motor 4.0 V8 biturbo gera 670 cv

FICHA TÉCNICA

Motor: V8, biturbo, central-traseiro, longitudinal, gasolina
Cilindrada: 3.902 cm³
Potência: 670 cv
Torque: 77,5 kgfm
Câmbio: dupla embreagem de 7 marchas
Tração: traseira
Rodas: liga leve, 20”
Suspensão dianteira: triângulos superpostos
Suspensão traseira: triângulos superpostos
Velocidade máxima: 335 km/h
Aceleração (0 a 100 km/h): 3 segundos

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