Evoluir, tornar-se melhor, mais adaptado e pronto ao mundo que se desenha. Isso nem sempre implica em ser maior. Os crocodilos, por exemplo, tinham 30 metros quando sua dieta básica era constituída por brontossauros e triceratops. Os gigantes pré-históricos se foram e o bichão teve de diminuir de tamanho para não morrer de fome. Hoje, o maior crocodilo já capturado não passa de 6,17 m.

O caso da Ferrari F12berlinetta é mais uma dessas evoluções e adaptações. Os desenhistas e engenheiros da Casa de Maranello entenderam que o substituto da GTB 599 Fiorano, esportivo top de linha da marca, deveria ser diferente. Não precisaria ter 4,66 m de comprimento e de 1,96 m de largura, mas seu V12 deveria oferecer mais que 620 cv. Surgiu, assim, a mais brutal criação da marca.

A F12berlinetta se apresenta ao mundo com 4,61 m de comprimento, 1,94 m de largura e 100 kg mais leve que a antecessora. O motor foi refeito. No mesmo bloco V12 de 6 litros da Fiorano, a capacidade foi elevada para 6.3 litros e a rotação máxima subiu de 7.600 rpm para 8.250 rpm. Desse modo, criou-se um monstro de 740 cv e nada menos que 70,4 mkgf de torque, contra 620 cv e 62 mkgf de torque da 599 GTB. Mais forte, mais leve… Mais ágil? É isso que fomos ver.

O desenho é estupidamente feliz. Vincos, entradas de ar gigantes, um ensaio aerodinâmico espetacular. Na dianteira, há até uma entrada de ar extra, que, dependendo da temperatura dos freios, se abre para refrigerá-los melhor. Nas laterais há saída de ar em dutos que implicam mais downforce na carroceria; na traseira, mais entradas de ar também colaboram nesse sentido, pois essa porção é bem curta e não há espaço para aerofólio.

A bordo, você pode esquecer a máxima esportiva e espartana dos melhores Ferraris. Tudo está gentilmente forrado com couro de primeira qualidade. Os bancos apóiam bem o quadril e as pernas e, mesmo sendo esportivíssimos, não maltratam suas costas. O console bem alto diminui um pouco a visibilidade, mas valoriza o novo painel, que mistura instrumentos digitais e analógicos.

No volante, que mais parece uma central de navegação, pode-se optar por cinco modos de condução para controlar a tração traseira. Um deles é específico para piso molhado. Você sente nitidamente a mudança de comportamento de um para o outro. Em modo “Race” o barulho lembra os antigos Fórmula 1 V12, com alguma embaralhada e aquele agudo estridente acima da 8.000 rpm. O câmbio de 7 marchas, mesmo com a dupla embreagem, dá um pequeno tranco aumentando a sensação de esportividade e fazendo você se sentir um legítimo piloto.

Além da aceleração assombrosa, uma vez que chega a 100 km/h em 3s1 e vai até 200 km/h em 8s5, ele faz curvas de maneira incrível, sem deixar sombra de dúvida sobre a sua evolução frente a 599 GTB. E a F12berlinetta poderá fazer parte dos seus sonhos por, pelo menos, R$ 2,9 milhões.

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