Os da HP permanecem restritos ao seu curso mínimo, e até os mais experientes devem sentir um frio no estômago ao acelerar a moto a fundo e manter assim por alguns segundos. Para se ter ideia, o tempo que você precisou para ler a frase anterior é suficiente para a BMW HP4 atingir incríveis 200 km/h.
Quando as luzes do controle de tração passam a piscar freneticamente, a luz de mudança de marcha acende e o piloto espera para acordar deste sonho selvagem. Mais três segundos e meio, o mostrador digital junto do conta-giros exibe 250 km/h. Em compensação, o consumo médio a essa velocidade é de apenas 8 km/l. Já a distância de frenagem até a parada total é de 230 metros.
Por falar nisso, segure-se firme, nós vamos frear! Após uma puxada forte no manete, logo se percebe o ABS entrando em ação. O próprio peso do corpo exerce pressão e os músculos do braço ficam rígidos como o amortecimento do garfo.
Em algum momento, a carga para, afrouxamos o aperto nos freios e, a seguir, não há como deixar de se impressionar (ainda ofegante) com toda a modernidade que existe atualmente. Da mesma forma, não deixa de ser incrível pensar como 560 cv são facilmente controlados a bordo de um carro e monstruosos 200 cv são sentidos em cima de uma moto.
Isso, apesar de a HP4 contar com uma mecatrônica “inteligente”, como os dois sensores giroscópicos (o M6 tem apenas um), que, entre outras coisas, identificam a inclinação da HP4 para avisar motor e amortecedores em milissegundos sobre o que fazer.
O hardware utilizado na moto é da Bosch (e não da própria BMW, como seria de se esperar). Ele é aperfeiçoado somente por alguns pilotos de teste experientes, os quais, com percepção apurada e muitas “horas de voo”, conseguiram desenvolver características especiais apropriadas para a situação, incluindo o bom conforto da suspensão da HP, que não é inferior ao do M6.
Ao contrário de outras motos, a suspensão se adapta à situação. Como no cupê, as válvulas do amortecedor abrem e fecham em centésimos de segundos.
Movimento permanente prevalece também nos sistemas de escapamento dos dois. No V8, há um ronco grave, com uma atuação “barulhenta” do câmbio. Na HP4, gritos roucos com ruídos de mudanças de marcha. No cupê, há uma caixa de dupla embreagem com 7 marchas e tempos de mudança de marcha selecionáveis. Na moto, um programa de assistência de troca de marchas permite reduzir o tempo necessário para cada mudança em 0s3.
Então, agora você também está com um barulho na cabeça? Pois é, ocorre comigo também. Por isso, vou dar uma volta agora. Fica apenas a pergunta: com ele ou com ela?
Tecnologia incrível na moto
A HP4 é baseada na S 1000 RR e possui tudo o que uma moto esportiva necessita. A luz indicadora de troca de marchas acende apenas a 13.500 rpm e o acelerador pode permanecer totalmente aberto graças ao assistente de troca de marchas.
O controle de tração evita que o pneu patine, enquanto os sensores giroscópicos identificam a posição da moto e ajustam a potência para que a roda dianteira permaneça no piso. A potência máxima é proporcionada pelos dutos de admissão encurtados a partir de 11.300 rpm, além de outros itens. Ah, sim, o controle de tração DTC também funciona com a motocicleta inclinada.
Da moto para o carro
Para mim, o assunto carro é tratado de forma bastante frugal: um BWM Série 3 básico me levou, até agora, a todos os lugares. Assim, o M6 surgiu como um visitante de outro mundo em casa. A dura realidade do tráfego, no entanto, foi uma desilusão. Ainda mais quando, durante o caminho de casa, acabei surpreendido por um congestionamento causado por um concerto de clarinete, o que me causou um atraso de duas horas. Nem preciso dizer o quanto senti saudade de minha moto naquela hora.
Tem mais: um carro de quase duas toneladas com um motor de 560 cv exibe um comportamento muito diferente que o da HP4 com menos da metade dessa potência. Sobretudo porque, em trechos sinuosos, o carro parece jogar parte de seu peso para fora da pista, a direção inicialmente um pouco dura se “encaixa” no asfalto e os freios atuam como âncoras. Que carro! Mesmo assim, é bom que eu não possa comprá-lo. Afinal, a maturidade adquirida sobre uma moto em meus 34 anos funciona apenas sobre duas rodas.
Dados técnicos
BMW M6: Motor V8 biturbo Cilindrada (cm3) 4.395 Potência (cv/rpm) 560 a 6.000 Torque mkgf/rpm 69,4 a 1.500 Peso em ordem de marcha (kg) 1.892 Frenagem (em metros, vindo a 100 km/h) 34,7 Aceleração 0 a 100 km/h (s) 4s1 Velocidade máxima (km/h) 305 Preço (euros) 124.000.
BMW HP4: Motor (disposição/cilindros) 4 cilindros em linha Cilindrada (cm3) 999 Potência (cv/rpm) 200 a 13.200 Torque mkgf/rpm 11,5 a 10.600 Peso em ordem de marcha (kg) 203 Frenagem (em metros, vindo a 100 km/h) 38,6 Aceleração 0 a 100 km/h (s) 3s1 Velocidade máxima (km/h) 305 Preço (euros) 23.700