A primeira coisa que você pensa sobre o dono de uma Ferrari, seja ela qual for, quando a vê roncando pelas ruas da sua cidade é: rico! Claro. Tais carros italianos são caríssimos e muito exclusivos. O modelo mais barato, a California, não sai por menos de R$ 1,35 milhão. A California, por exemplo, além de dar ao seu dono o adjetivo “rico”, ainda pode fazê-lo passar a imagem de “egoísta”, dados seus dois únicos lugares a bordo.

E é assim em toda a linha vendida no Brasil. A 458 Italia, que custa R$ 1,6 milhão, também só possui lugar para o motorista e um acompanhante. É o mesmo caso da GTB Fiorano, que, dotada de motor V12, sai por R$ 2,5 milhões à vista.

Agora, não. A versão da Ferrari que sucedeu a 612 Scaglietti é muito mais do que você poderia imaginar. Pode até soar como blasfêmia para os amantes da marca, porém, a nova FF, tabelada em R$ 2.780.000, se apresenta para o grande público (eu, você, seu vizinho, sua mãe, sua sogra…) como se, pela primeira vez, a Ferrari deixasse de fazer mitos e, enfim, construísse um carro que você pode conhecer, ter e usar.

É claro que a FF continua trazendo o que a Ferrari tem de melhor. A esportividade é vista em cada sentido do carro, contudo, a marca se permitiu, como raramente em sua história, fazer algo viável, normal e fácil de cair nas graças de mais gente. Tanto é verdade que, antes do lançamento, as 650 unidades produzidas já estavam totalmente vendidas. No Brasil, vai custar, aproximadamente, R$ 2,78 milhões.

E o que o felizardo dono de uma delas terá a seu dispor? Primeiramente, o que mais importa em uma Ferrari: o motor. Na FF é um lendário V12, de 6.3 litros que consegue gerar 669 cv. Se você olhar o torque deste motor, pode até parecer que ele não seja tão bom em baixas rotações. Mas não se engane com os 69,6 kgfm a longínquas 6.000 rpm. Nada menos que 50,9 mkgf estão disponíveis ao girar a chave, a 1.000 rpm.

Motor 6.3 V12 de 669 cv.

O propulsor está colocado atrás do eixo dianteiro, o que lhe dá o equilíbrio necessário para acelerar como uma legítima Ferrari. Mas se por obra da física o abuso for muito grande, a eletrônica embarcada entra em ação.

Pela primeira vez na história uma Ferrari de produção chegou às lojas com tração integral, no lugar da tradicional tração traseira. O sistema trata de distribuir a força igualmente nas quatro rodas, a todo momento de torque, e não joga a força apenas nas rodas traseiras para depois distribuir às da frente, como é mais comum em carros como o Audi e sua tração Quattro.

Para os especialistas em Ferrari, ou os aficcionados jogadores de videogame — em especial o Gran Turismo 5 — nunca se viu uma Ferrari com tanta astúcia para encarar trechos sinuosos em altíssima velocidade. É como se o carro acelerasse com pneus de ferro sobre um chão de imã. Assim, em qualquer situação, você pode dirigí-lo como faz todos os dias a caminho do trabalho. A direção é leve e até a visibilidade, ponto crítico de um esportivo, foi bem pensada.

A socialização da Ferrari passou ainda pelo espaço interno de carro comum. Pode até parecer exagero chamar um carro de quatro lugares de “comum”, mas o que se vê ali é digno de um sedã médio. O porta-malas é outra curiosidade. Os 450 litros o tornam, provavelmente, o maior da história da marca. A FF conta com um avançado sistema de ar-condicionado, individualizado entre os passageiros e um cockpit digno de ficção científica. Além do conta-giros centralizado, há dois cluster digitais de alta definição que fornecem informações acerca de itens do carro, da pressão do óleo ao trabalho da tração.

Mas nunca se esqueça que o adjetivo “rico” ainda deve ser inerente a quem sonhar com uma FF na garagem. Só de cobertura do seguro, são R$ 200.000 por ano.

Ficha Técnica

Motor: 12 cilindros em V central-dianteiro, 6.262 cm³, 24 válvulas. Potência máxima: 669 cv a 8.000 rpm. Torque: 69,6 mkgf a 6.000 rpm. Aceleração de 0 a 100 km/h: 3s7 (dado de fábrica). Velocidade máxima: 335 km/h (dado de fábrica).

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