Dois recentes registros de acidentes com morte em veículos com tecnologia de condução autônoma – um protótipo da Uber em parceria com a Volvo e um Tesla Model X com o modo AutoPilot ativado – levantaram mais uma vez a questão sobre o quão confiáveis e seguros são esses tipos de carro. Afinal, vencidos no futuro próximo os desafios relativos à massificação dos carros autônomos (como o aperfeiçoamento da tecnologia em si e a legislação vigente), de que forma tornar esses modelos confiáveis do ponto de vista de passageiros, pedestres e outros motoristas do trânsito?
De olho nesse desafio, a Nissan criou um Centro de Pesquisa no Vale do Silício, na Califórnia, com o objetivo de aprofundar os estudos em busca do aumento da confiança da sociedade nos veículos 100% autônomos. O núcleo trabalha na condução de pesquisas para desenvolvimento de tecnologias que possam ser aplicadas nos carros, além de levantamentos estatísticos com a sociedade.
Em um estudo inédito feito pela empresa em cinco países da América Latina, 69% das pessoas entrevistadas mostraram-se dispostas a utilizar um carro com tecnologia autônoma. O dado surpreende quando comparado à mesma pergunta aplicada à população dos Estados Unidos: apenas 53% dos norte-americanos demonstraram confiança neste tipo de veículo. O Brasil, entretanto, ficou na lanterna entre os cinco países latinos entrevistados (além de nós, Argentina, Colômbia, Chile e Peru fizeram parte do estudo), com 62%.
O dado surpreende pelo aspecto social: o trânsito dos países da América Latina é menos organizado e obediente a regras em relação a países desenvolvidos, como os da América do Norte e Europa. Exemplos disso foram mostrados em vídeo durante o Nissan Futures Latin America, realizado pela primeira vez em São Paulo, no início de março último (antes, vale lembrar, dos registros de acidente com os carros da Uber e Tesla). O evento reuniu jornalistas de toda a América Latina.
A antropóloga e pesquisadora-chefe do Centro de Pesquisa da Nissan no Vale do Silício, Melissa Cefkin, apresentou no evento paulistano imagens do trânsito de diferentes países, como Argentina, Brasil, Estados Unidos e Irã. Em nosso país, segundo os registros, houve maior incidência de veículos desrespeitando o sinal de parada obrigatória e pedestres atravessando fora da faixa de segurança, por exemplo.
Dessa forma, como os autônomos serão preparados para lidar com quebra de padrões e normas de segurança do trânsito? A Nissan aposta na tecnologia de inteligência artificial chamada Brain-to-Vehicle, ou B2V, apresentada na CES, em Las Vegas, no início deste ano. O B2V permite que carros interpretem sinais do cérebro do motorista e deem assistência – tanto com os sistemas de direção autônoma quanto manual – a fim de evitar um acidente.
“Com essa tecnologia, estamos transferindo os sentidos do cérebro do motorista para o veículo”, explica Melissa. Para isso, a empresa promove pesquisas com motoristas locais e cientistas sociais com o objetivo de entender e parametrizar os chamados “local menings”.
“Os carros devem levar em conta as diferenças culturais e expectativas em relação às atitudes no trânsito”, conta a especialista da Nissan.
Apesar dos avanços em relação à tecnologia autônoma, é preciso inspirar confiança nos carros sem motorista em meio ao trânsito. “Não basta os carros terem tecnologia. Precisamos que os passageiros, pedestres e outros motoristas sintam-se seguros ao compartilhar o mesmo espaço dos autônomos”, afirma Melissa.
Para isso, a Nissan mostrou pela primeira vez no conceito IDS, de 2016, dois recursos de comunicação externa com pessoas no trânsito. Um deles é um display de mensagens posicionado acima do painel de instrumentos, de modo que pedestres e demais motoristas consigam ler mensagens de alerta do carro através do para-brisa – como "você primeiro", por exemplo, sinalizando ao pedestre que o carro detectou sua presença e que o ser humano tem a prioridade.
O outro é um indicador de intenções que percorre toda a lateral do veículo. Ele funciona como uma evolução das atuais luzes repetidoras de seta. Porém, trazem um espectro variável de cores para indicar as próximas ações do carro, como "dobrar a esquina somente depois da bicicleta".
No Nissan Futures, a fabricante de origem japonesa confirmou oficialmente a venda da segunda geração do elétrico Leaf no Brasil em 2019. Além do nosso País, o modelo será comercializado na Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Uruguai e Porto Rico.
“Para nós, é muito importante poder responder a algo que os nossos clientes estão dizendo. Hoje, 8 em cada 10 latino-americanos mostram interesse em ter um veículo zero-emissão, como o Leaf”, explica o diretor de Marketing da Nissan América Latina, Juan Manuel Hoyos.
O modelo será uma das atrações do Salão do Automóvel de São Paulo deste ano. Na Europa, a segunda geração do Leaf é vendida em três versões (S, SV e SL), com duas opções de baterias (40 kWh e 60 kWh). A de maior capacidade permite rodar por até 320 km com uma única carga. O hatch elétrico pode ainda ser equipado com sistemas de condução semiautônomos.
A maior incógnita é o preço, que dependerá das regras do regime automotivo que irá suceder o Inovar-Auto – o Rota 2030. Se chegasse ao mercado hoje, o Leaf de segunda geração não sairia por menos de R$ 150 mil.